Pois é… Se Aécio Neves, do PSB, for presidente da República, sabemos que seu ministro da Fazenda será Armínio Fraga, o que indica uma condução técnica, serena e competente da economia. Se Dilma for reeleita, aí só Deus sabe quem conseguirá segurar o rojão. As expectativas vão se deteriorar enormemente, num cenário que já é de crescimento baixo, inflação alta e investimentos pífios. Uma coisa é certa: Guido Mantega não ficaria. Uma possibilidade a ser estudada pelos petistas é dizer agora quem será o substituto de Mantega se a petista ganhar mais quatro anos.
“Ah, mas aí o atual ministro vira um pato manco.” Errado! Ele já é um pato manco. A escolha de alguém com um perfil técnico, não chegado a feitiçarias, pode não ajudar a presidente a ganhar votos, mas contribuiria para baixar o pessimismo. Dilma precisa entender que é ela, hoje, um dos principais fatores da instabilidade da economia. E Marina? Vamos ver.
Na condução, digamos, macroeconômica, a candidata do PSB emitiu os sinais que mercados e investidores queriam ler. O principal, como é sabido, é a independência do Banco Central. Estou entre aqueles que veem certo fetichismo nessa questão, mas é evidente que é preferível tal promessa ao apanhado de bobagens e sandices que Franklin Martins mandou escrever no site “Muda Mais”, que é a página oficial da campanha petista.
Vejam que curioso: no caso de Marina, ninguém nem pergunta quem será o ministro da Fazenda ou o presidente do Banco Central. Dá-se de barato que será “o mercado”. Aí a Bolsa dispara, a exemplo do que aconteceu ontem, com as ações das estatais liderando a valorização. A resposta que a ex-senadora tem de dar é outra.
Eu não tenho curiosidade de saber quem será, por exemplo, o ministro da Agricultura de Marina Silva caso ela vença a eleição. O setor dispõe de quadros competentes, e certamente alguém com experiência aceitaria a tarefa. Hoje, o agronegócio é a área da economia brasileira que reúne um maior número de técnicos e especialistas capacitados. Eu quero é saber quem será o ministro do Meio Ambiente de Marina se ela sentar no trono, isto sim! É ele quem definiria o tipo de relação que a presidente manteria, por exemplo, com o agronegócio.
Até agora não vi — e, se aconteceu, me escapou — a candidata se comprometer com o Código Florestal que foi aprovado pelo Congresso e contra o qual ela lutou com determinação. A proposta de Marina, é bom não esquecer, implicava uma redução da área plantada no país. Da mesma sorte, interessa-me saber quem seria o nome da área energética. Um dos entraves, não é segredo para ninguém, para as obras de infraestrutura são as licenças ambientais.
Por enquanto, convenham, boa parte das expectativas positivas que há em relação à candidata do PSB deriva apenas do fato de que ela não é Dilma. Mas o país precisa saber o que seria Marina por Marina. Se eleita e der uma de Lula no primeiro mandato, jogando no lixo boa parte do que disse ao longo de sua militância, pode até se dar bem…