quinta-feira, 18 de setembro de 2014

O terrorismo (nazismo) eleitoral da campanha petista

Blog Ricardo Setti - Veja

(Foto: Agência Brasil)
Na reviravolta no cenário das eleições ocorrida com o ingresso de Marina Silva na disputa, uma das novidades da campanha de Dilma, com decidida participação de Lula, é não deixar para amanhã as baixarias que pode cometer hoje (Foto: Agência Brasil)
O ATIRADOR DA PRESIDENTE
Editorial publicado no jornal O Estado de S. Paulo
Causando estragos a torto e a direito na campanha presidencial, a entrada em cena de Marina Silva como candidata do PSB e a sua imediata disparada nas pesquisas de intenção de voto reduziram as chances do tucano Aécio Neves de ser o contendor da presidente Dilma Rousseff no segundo turno e fizeram descarrilar a estratégia petista de campanha.
Tendo se preparado, antes da tragédia que matou o pernambucano Eduardo Campos, para soltar os cachorros em cima do senador mineiro – tornando a enveredar pelo caminho seguido pelo partido em 2006 contra Geraldo Alckmin e em 2010 contra José Serra -, o comando da operação Dilma+4 trabalhava, não obstante, com a hipótese realista de que, na segunda volta, ele aglutinaria com força total o sentimento de rejeição à herdeira de Lula, agravado pela convicção de que, ao cabo de 12 anos, o PT no poder já deu o que tinha para dar.
Com o quadro eleitoral de ponta-cabeça, os condutores da campanha dilmista parecem ter chegado à conclusão de que só lhes restava uma alternativa para enfrentar a reviravolta – transformar desde logo a disputa em um segundo turno. A nova tática solaparia os ganhos obtidos por Marina, a ponto de fazê-la perder a parada de 5 de outubro, com o que ela começaria debilitada o embate para o verdadeiro tira-teima de três semanas adiante, depois de lhe terem servido o pão que o diabo amassou.
Na prática, a mudança significaria duas coisas – ou duas faces de uma coisa só: antecipar tanto o início da “campanha negativa”, a temporada de agressões à rival, como a subida aos palanques, dia sim, o outro também, do ex-presidente patrono de Dilma. Com a esperteza adicional de que ele e não mais a sua afilhada é quem apertaria o gatilho para “desconstruir” a imagem de Marina.
Uma segunda novidade reforçaria o plano de não deixar para amanhã as baixarias que podem ser cometidas hoje. Trata-se das revelações atribuídas ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, nos depoimentos que tinha se oferecido a dar ao Ministério Público e à Polícia Federal (PF) para ver reduzidas ou anuladas as penas a que está sujeito pelos crimes cometidos na estatal, em conexão com o tráfico de divisas do cambista seu parceiro Alberto Youssef. A sociedade foi desbaratada pela Operação Lava Jato, da PF.
Na sequência de suas “delações premiadas”, Costa teria citado mais de 30 beneficiários do esquema, entre eles o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, o do Senado, Renan Calheiros, e pencas de outros políticos também alinhados com Dilma. Ela sentiu o golpe e perdeu o prumo. Tentando abrigar-se da tormenta, alegou, em um assomo de cinismo, que “não tinha a menor ideia de que isso ocorria dentro da empresa”.
Mais uma missão para Lula. Secar o escândalo torrencial, fazendo um cavalo de batalha com o fato de o programa de Marina citar somente uma vez o pré-sal, enquanto valoriza outras fontes de energia. (Nas imagens da propaganda dilmista, a posição da adversária literalmente tira a comida da mesa dos brasileiros.) E eis que anteontem o ex-presidente, enfiado em um macacão laranja da Petrobras, comandou um ato de campanha travestido de manifestação sindicalista de solidariedade à empresa, diante da sua sede no centro do Rio.