Flávio Ilha - O Globo
Ligação a candidatos ao governo que lideram no Paraná e no Rio Grande do Sul ajudou tucano

e acordo com a pesquisa Ibope divulgada na terça-feira, foi na região Sul que Aécio Neves (PSDB) mais ampliou a sua intenção de voto, tirando apoio principalmente de Marina Silva (PSB). O tucano passou de 17% para 23%, em comparação com a pesquisa do dia 7.
Segundo o cientista político Benedito Tadeu César, professor aposentado da UFRGS, a reação de Aécio na região se deve a dois fatores: a ligação a candidatos que lideram as pesquisas nos estados do Sul - Beto Richa (PSDB) no Paraná e Ana Amélia Lemos (PP) no Rio Grande do Sul - e ao efeito antecipado que os ataques a Marina deverão provocar em outros colégios eleitorais. Segundo o especialista, esse efeito já havia sido sentido em pesquisas locais.
- Desde o começo de setembro o Vox Populi mostrava um empate técnico entre Marina e Aécio no Rio Grande do Sul e no Paraná. Na verdade, a candidata socialista nunca se consolidou nesses colégios eleitorais. Passado o efeito emocional da morte de Eduardo Campos, a tendência é que o tucano recupere seu espaço de catalisador do voto antipetista na região - avaliou.
Tadeu César identifica ainda outro conflito de Marina na região: sua relação dúbia com o agronegócio.
O cientista político e professor da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil) Paulo Moura também lembra que, no Rio Grande do Sul, os candidatos do PSDB venceram as duas últimas eleições presidenciais, em 2006 e em 2010, contra candidatos do PT.
- Estamos sempre na contramão e, além disso, o sentimento anti PT é forte. Somos a Gália do Império Romano - brinca o especialista.
Mesmo assim, Moura acha difícil que Aécio consiga reverter a situação de inferioridade em relação à candidatura do PSB. Primeiro, porque historicamente os tucanos têm entre 15% e 20% dos votos na região; depois, porque a "propaganda negativa" que, ao que parece, vem tirando votos de Marina, pode se voltar contra quem ataca.