Ana Paula Ribeiro - O Globo
Já o dólar comercial está praticamente estável, cotado a R$ 2,2380
A perspectiva de mudança na condução da política econômica do país tem contribuído para a alta da Bolsa brasileira, puxada pelo desempenho das estatais. Nesta segunda-feira, os investidores repercutem os dados da última pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira à noite, que mais uma vez mostrou o avanço de um candidato da oposição. Às 13h, o Ibovespa, principal indicador do mercado acionário brasileiro, operava em alta de 0,82%, aos 61.791 pontos. Já o dólar comercial estava praticamente estável, cotado a R$ 2,2380, leve queda de 0,04%.
Na última sexta-feira, a pesquisa Datafolha mostrou um avanço da candidata do PSB, Marina Silva, que nas simulações está empatada com a presidente Dilma Rousseff no primeiro turno e, no segundo turno, tem uma vantagem de dez pontos percentuais nas intenções de voto. Para Ernesto Rahmani, sócio da Tática Asset Management, o quadro eleitoral continuará a ser olhado com atenção.
— O mercado está tentando trabalhar com esse cenário de mudança de política econômica e destrinchar cada vez mais qual a proposta de Marina Silva, e também a sua equipe, em relação a pontos importantes da política econômica — afirmou.
A ação que mais contribui para esse movimento de alta é a Petrobras. Os papéis preferenciais (sem direito a voto) da estatal operam em alta de 4,06% e os ordinários (sem direito a voto) sobem 3,70%. A perspectiva de mudança no governo e, consequentemente, da política monetária, tem agradado aos investidores e esse movimento se reflete, principalmente, nos papéis de estatais e naqueles de empresas ligadas a setores que podem sofrer intervenção, como o setor elétrico.
Por essa razão, as ações da Eletrobras também registram alta significativa. Os papéis preferenciais sobem 3,48% e os ordinários avançam 6,13%. Os de bancos também operam com forte avanço. As ações do Itaú Unibanco sobem 0,66% - esse é o papel com maior peso no Ibovespa -, as do Bradesco 0,97% e as do Banco do Brasil, 2,85%. A empresa que segura um pouco a alta do atual pregão é a Vale. Os papéis preferenciais caem 0,61% e o ordinários recuam 0,44%. A razão é a queda no preço do minério de ferro no exterior, que segue abaixo dos US$ 90 por tonelada.
PERÍODO EXIGE CAUTELA
Apesar dessa alta, Rahmani lembra que o momento é de cautela porque, independente de quem ganhe as eleições, a melhora no cenário econômico não será imediata. Ele não descarta, por exemplo, que após o fim das eleições, o fluxo de investimentos migre das ações de estatais para empresas que estão com melhor posicionamento em seus setores.
O operador de uma corretora paulista lembrou que, desde março, é esse "kit eleições", ou seja, principalmente estatais e elétricas, que tem apresentado forte alta. No entanto, em algum momento deve haver uma reversão, uma vez que 2015 deverá ser um ano marcado pelo baixo crescimento e inflação ainda em alta, devido ao aumento dos preços administrados.
— Todo mundo saber que vai ter uma realização forte até as eleições, mas ninguém quer ficar de fora dessa alta. Teve muita gente que já vendeu ações achando que era o limite, mas voltou porque continua subindo. Algumas ações não têm fundamento para subir o que estão subindo, mas acaba tendo um efeito manada — afirmou.
No exterior, os principais indicadores do mercado acionário estão próximo a estabilidade. O DAX, de Frankfurt, tem leve alta de 0,09%. O CAC 40, da Bolsa de Paris, registra leve recuo de 0,03%, e o FTSE, de Londres, sobe apenas 0,08%.
CÂMBIO ESTÁVEL
No mercado de câmbio, o dólar comercial está praticamente estável em relação ao real. Às 13h, a moeda americana era cotada a R$ 2,2360 na compra e a R$ 2,2380 na venda.
O economista Ricardo Gomes da Silva, da Correparti Corretora de Câmbio, lembra há uma série de indicadores que serão divulgados nessa semana que terão influência sobre a tendência para o mercado de câmbio. Entre eles, à expectativa em relação a novos estímulos na Europa e, no mercado interno, a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na quarta-feira, e o anúncio da taxa de inflação, na sexta-feira.
"Nesta segunda-feira, os os mercados externos repercutem primeiramente a queda da atividade industrial da China em agosto, divulgada na noite de domingo", afirmou, em relatório.