domingo, 27 de julho de 2014

Santa Casa fechada, falta de saneamento no país... e Edir Macedo inaugura junto com Dilma ´trambique` templo de R$ 680 milhões

Ricardo Mendonça, Ana Virgínia Balloussier e Luciano Veronesi - Folha de São Paulo  
Na mais ostensiva demonstração de poder de sua trajetória, o bispo e empresário Edir Macedo, dono da TV Record, receberá na próxima quinta (31) a presidente Dilma Rousseff, entre outras autoridades, para a inauguração de uma enorme e suntuosa sede da Igreja Universal do Reino de Deus em São Paulo.

Batizada como Templo de Salomão –a casa de Deus, no judaísmo– a obra tem 74 mil metros quadrados de área construída (3,2 vezes maior a Basílica de Aparecida), o equivalente a 18 andares de altura e capacidade para 10 mil pessoas. Custou R$ 680 milhões, diz a igreja.

Ocupando um quarteirão inteiro do Brás, bairro central degradado com sedes de diversas outras igrejas, o prédio é tratado como local sagrado pela Universal. Tem adornos e regras de comportamento interno inexistentes nos outros cerca de 6 mil endereços da denominação no Brasil.

Rivaldo Gomes/Folhapress
O templo Salomão, da Igreja Universa do Reino de Deus, no Bras, em São Paulo
O templo Salomão, da Igreja Universa do Reino de Deus, no Bras, em São Paulo

No ato de inauguração, só Edir Macedo irá falar. Jornalistas ficarão do lado de fora.

Nos últimos dias, o complexo foi aberto para pastores e obreiros vindos de ônibus fretados de vários Estados. As centenas de homens e mulheres que lotavam as calçadas da região esperando a abertura dos portões chamavam a atenção. Todas elas de terninho, saia, meia e sapato azul marinho. Todos eles de camisa branca, terno e gravata com o logo da Universal.

Na rua, muitos param para contemplar o gigantismo da edificação e tirar fotos. Ambulantes já vendem camisetas e relógios de parede com imagens do prédio.

Para atrair fiéis de outras igrejas, a Universal decidiu não colocar sua inscrição na fachada. Também criou um memorial com a história do templo original de Salomão, destruído no século 586 a.C., e a própria trajetória.

Para o sociólogo Ricardo Bitun, o templo é marco da atual "tendência judaizante" da Universal. "A valorização de símbolos como o menorá, a arca da aliança e a barba comprida do sacerdote são outras m anifestações disso."

Agora barbudo, Edir Macedo passou a liderar cultos com um manto branco e um quipá judaico na cabeça.

Editoria de Arte/Folhapress