Nice de Paula - O Globo
Instituto divulgou números de apenas quatro regiões metropolitanas. Em todas, rendimento médio caiu
Pelo segundo mês seguido, a greve dos funcionários do IBGE prejudicou a divulgação da Pesquisa Mensal de Emprego (PME). A taxa média do desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país em junho (São Paulo, Rio, Recife, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre) não foi divulgada porque a paralisação atrasou a coleta dos dados nas duas últimas regiões.O instituto divulgou os números relativos a apenas quatro regiões metropolitanas: Rio, que foi de 3,4% em maio para em 3,2% junho; Recife que passou de 7,2% para 6,2%; Belo Horizonte, de 3,8% para 3,9% e São Paulo, que ficou estável em 5,1%.
O rendimento médio real caiu nas quatro regiões, na passagem de maio para junho. A maior queda foi registrada em Belo Horizonte (-2,2%), São Paulo (-1,6%), Recife (-1%) e Rio de Janeiro (-0,5%). Na comparação com junho de 2013, o rendimento médio real subiu em Recife (3,9%), Rio de Janeiro (6,5%) e São Paulo (0,6%), mantendo estabilidade em Belo Horizonte.
Segundo o IBGE, as pesquisas completas ainda serão divulgadas, mas ainda não há previsão de data. Em abril, último dado geral disponível, a média de desemprego na seis maiores regiões metropolitanas foi de 4,9% e rendimento médio real caiu 0,6 em relação ao mês anterior.
GREVISTAS PEDEM READMISSÃO DE 200 FUNCIONÁRIOS
Com a greve, o instituto informou que as entrevistas para a elaboração da pesquisa foram realizadas de forma parcial. Segundo Adriana Araújo Beringuy, técnica do IBGE, do total entrevistas elaboradas para fazer a pesquisa, os percentuais de dados coletados para as regiões pesquisadas foram de 70,3% em Recife, 82,8% em Belo Horizonte e 78,4% em São Paulo. O número do Rio ainda está sendo calculado.
De acordo com Ana Magni, diretora da Associação de Servidores do IBGE, hoje o principal obstáculo ao fim da greve é a readmissão de 200 funcionários dispensados depois da greve. Hoje, o instituto tem cerca de 5,9 mil concursados e 4.800 temporários. Segundo Ana, os demitidos eram todos grevistas ativos.
PNAD CONTÍNUA MOSTRA DESEMPREGO DE 7,1%
Nos três primeiros trimestre deste ano, a taxa de desemprego do país está em 7,1%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada mês passado pelo IBGE. O índice é menor em relação ao mesmo período de 2013, quando o desemprego medido pela pesquisa havia sido de 8%. No entanto, é maior que o apurado no quarto trimestre do ano passado, cuja taxa ficou em 6,2%. Pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), a desocupação acumulada no trimestre ficou em 5%, o melhor resultado trimestral desde o início da série.
A Pnad Contínua foi a origem de um crise no IBGE, ao ter sua interrupção anunciada no início de abril, o que resultou na saída de duas diretoras e a revolta de técnicos. O instituto voltou atrás volta na suspensão da pesquisa até o ano que vem, mas o recuo não pôs fim à crise e algumas semanas depois os funcionários iniciaram a greve, com uma extensa pauta de reivindicações.