terça-feira, 8 de julho de 2014

IPCA desacelera para 0,40% em junho, mas rompe teto da meta em 12 meses: 6,52%

- O Globo

A última vez que a taxa rompeu o teto foi em junho do ano passado, quando registrou alta de 6,70%

 
A inflação desacelerou em junho, mas nos últimos 12 meses rompeu o teto da meta, de 6,5%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,40%, informou nesta terça-feira o IBGE. Em maio, fora de 0,46%. Nos últimos 12 meses, a taxa ficou em 6,52%, dentro das expectativas do mercado, que variavam entre 6,40% e 6,56%, segundo a agência Bloomberg. A última vez que a taxa tinha rompido o teto foi em junho do ano passado, quando registrou alta de 6,70%.

Entre os grupos, apenas despesas pessoais e transportes tiveram aceleração de preços. O maior impacto veio de despesas pessoais, onde estão boa parte dos serviços, e que passaram de 0,80% para 1,57%. Os serviços registraram alta de 1,10% em junho, bem acima do apurado no mês anterior, 0,30%. Nos últimos 12 meses, já sobem 9,20%. Por outro lado, os monitorados (controlados) desaceleraram para 0,25% depois de avançar 0,59%.Energia elétrica residencial passou de 3,71% para 0,13%. Nos últimos 12 meses, as tarifas de energia sobem 8,01%.

O grupo de alimentação e bebidas registrou deflação de 0,11%. Foi o terceiro mês seguido de perda fôlego dos preços da categoria. Entre os alimentos, a batata-inglesa ficou 11,46% mais barata e o preço do tomate caiu 9,58%. Os alimentos consumidos dentro de casa registraram queda de 0,60% após registrar alta de 0,41%. A alimentação fora de casa perdeu fôlego ao passar de 0,91% para 0,82%. A refeição fora passou de 0,96% para 0,75%, a cerveja, de 0,34% para 0,01%.


EFEITO COPA INFLUENCIA IPCA

A desaceleração causada pela deflação dos alimentos poderia ter sido mais intensa, não fosse a influência da Copa do Mundo sobre o preço de alguns serviços. Com alta de 25,33%, a inflação das diárias de hotéis respondeu por 0,11 ponto percentual do IPCA de junho. Já as tarifas aéreas subiram 21,95%, contribuindo com 0,09 ponto percentual sobre o índice e puxando para cima o grupo transportes, que subiu 0,37% após ter recuado 0,45% no mês anterior.

— Foi o grupo alimentos que mais contribuiu para conter o índice. Houve um efeito Copa em passagem aérea e diárias de hotéis, que juntos contribuíram com metade do índice — afirma Eulina Nunes dos Santos, gerente da pesquisa.

Apesar de passagens aéreas mais caras, o litro do etanol e da gasolina ficaram mais baratos, ajudando a conter a alta no grupo transportes. As tarifas de ônibus urbano também desaceleraram de 0,72%, em maio, para 0,58%, em junho.


RIO CONTINUA COM A INFLAÇÃO MAIS ALTA

Entre as 13 regiões metropolitanas, o Rio continuou na liderança dos preços com alta de 7,33% nos últimos 12 meses, seguida por Porto Alegre, com 7,23% e Curitiba, 7,21%.

A expectativa do mercado financeiro em relação à inflação é que o IPCA encerre 2014 em 6,46%, leitura que vem se repetindo há três semanas pelo Boletim Focus, do Banco Central (BC). Enquanto a projeção para o índice se mantém alta, economistas do mercado financeiro reduziram pela sexta semana consecutiva a projeção para o crescimento do PIB brasileiro neste ano.

Segundo o mesmo boletim Focus, a mediana das previsões caiu para alta de apenas 1,07%. Na semana passada, a expectativa era de avanço de 1,10%. Já para o ano que vem, a projeção parou de cair e ficou estável em 1,5%.

Em entrevista recente, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que a taxa de juros (Selic) mantida em 11% ao ano é capaz de fazer a inflação entrar numa trajetória de convergência para a meta de 4,5% nos próximos dois anos. Admitiu, entretanto, que a inflação em 12 meses continuará elevada por algum tempo.