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Dos 52 projetos essenciais para a Olimpíada, 15 ainda estão sem custo e prazo de início de obras definidos
Parque Olímpico no Rio de Janeiro (Genilson Araújo/Agência O Globo)
Com novas obras licitadas, no Complexo Esportivo de Deodoro, os custos com projetos relacionados às arenas, para os Jogos Olímpicos de 2016, passaram de 5,6 bilhões de reais para 6,5 bilhões de reais. Essa diferença representa uma atualização da Matriz de Responsabilidade da Olimpíada, documento que enumera as obras fundamentais para o evento. Agora, os gastos com os Jogos de 2016 já alcançaram 37,6 bilhões de reais, assim distribuídos: arenas: 6,5 bilhões de reais; legado: 24,1 bilhões de reais; e investimento do Comitê Organizador da Olimpíada, 7 bilhões de reais. O orçamento previsto na candidatura brasileira era de 28,8 bilhões de reais.
"Não se trata agora de um aumento de custos. Como houve a licitação de onze intervenções em Deodoro, as cifras foram atualizadas", disse, nesta terça-feira, no Rio, o presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), general Fernando Azevedo e Silva.
Dos 52 projetos essenciais para a Olimpíada, quinze ainda estão sem custo e prazo de início de obras definidos. Quando houver a licitação, os valores do gasto total com os Jogos vão ser alterados. "Essa mudança se dá automaticamente quando a licitação é feita. Portanto, são custos previstos", disse o general.
Os exemplos de Londres 2012 para o Rio 2016
Alternativas para o trânsito
Londres apresentou excelente gerenciamento de transporte e fluxo de multidões. A cidade, que já é reconhecida por ter um dos serviços de transporte mais completos do mundo, desenvolveu uma campanha específica para evitar transtornos no trânsito. Além de aumentar a capacidade do transporte público para atender à grande demanda, a organização dos Jogos incentivou os moradores a trabalhar em horários alternativos ou em casa e a tirar férias durante o período.
Plano B para a segurança
Primeiro, um fracasso: a empresa privada contratada para a segurança dos Jogos não entregou o prometido dias antes do evento. Depois, a arte de contornar uma crise: o governo britânico colocou em prática o plano B, disponibilizando grande contingente de militares. Havia seguranças a postos em todo o centro de Londres e dentro das instalações. Bem preparados, os militares também auxiliaram turistas e espectadores nas ruas. Além disso, 6.000 câmeras foram instaladas dentro e no entorno do Parque Olímpico.
Sinalização de cima a baixo
Um dos pontos altos da organização da cidade para os Jogos Olímpicos de 2012. Todas as estações de trem e metrô estavam muito bem sinalizadas, com indicações do trajeto a ser percorrido rumo às instalações olímpicas. As mesmas informações apareciam com destaque no desembarque dos aeroportos e em pontos estratégicos de toda a cidade. Até no chão das calçadas, os visitantes eram guiados, com a ajuda de grandes adesivos coloridos. Dentro do Parque Olímpico, placas mostravam o tempo que se levaria entre as instalações, facilitando a programação e o fluxo dos espectadores.
Contêineres para voluntários
A escolha e a distribuição das funções para os voluntários dos Jogos de 2012 foram bem feitas. Grupos foram colocados para prestar informações turísticas e orientar sobre o transporte público em ruas, estações de trem, metrô e ônibus. A prefeitura disponibilizou até pequenos contêineres - similares aos utilizados na Rio+20 - que serviam como base local para essas equipes em pontos estratégicos da cidade. Muitos dos voluntários falavam mais de um idioma, o que torna a comunicação com o público mais eficiente. A EOM sabe que o idioma é um entrave para o Rio 2016, e procura voluntários que falem inglês e espanhol.
Programação cultural
Além de todos os atrativos que as competições esportivas oferecem, Londres desenvolveu ainda uma extensa programação cultural para entreter os turistas antes, durante e depois dos Jogos. Destacam-se exposições gratuitas nas principais galerias e museus, algumas tendo esporte como tema. A organização buscou também dispersar a grande movimentação nas regiões centrais, oferecendo atrações culturais e educativas em pontos periféricos da cidade.
Transporte específico para deficientes
A acessibilidade de Londres foi muito elogiada. Dentro do Parque Olímpico e em outras instalações esportivas, eram disponibilizadas cadeiras de rodas manuais e elétricas para deficientes físicos e idosos. Voluntários e carros elétricos circulavam por todas as áreas comuns para ajudar na circulação dessas pessoas. Nas ruas, a sinalização para cegos foi reforçada e o trabalho dos operadores de trânsito nas vias mais movimentadas garantiu a segurança destes pedestres, que circulavam sozinhos pela cidade.
Centro de imprensa não credenciada
Organizado em uma região central de Londres, o Centro de Mídia Não Credenciada (London Media Centre) atendeu às necessidades da imprensa que não havia se inscrito para cobrir as competições olímpicas. A instalação, que será de responsabilidade da Prefeitura em 2016, ofereceu 700 pontos de trabalho para os jornalistas, duas salas de coletiva de imprensa, pontos de transmissão de TV em três regiões da cidade, wifi gratuito, cartão para usar gratuitamente o transporte público, e facilidade no acesso a pontos turísticos e programações culturais, como peças de teatro e shows.
Preocupação com paisagismo
O projeto do Parque Olímpico incluiu grande investimento no paisagismo, tornando a circulação do público mais agradável. Os caminhos à beira de um pequeno rio que cruzava partes da região olímpica formavam parque linear, com gramado, flores por todas as partes e árvores de porte razoável. Jardins faziam referência aos continentes europeu, americano, africano e asiático. Havia também atrativos lúdicos, com intervenções artísticas, áreas de piquenique, espaços livres para eventos, dentre outras atrações.
Centros de controle operacional
Para a operação dos Jogos de Londres, a prefeitura montou diversos centros de operações. Pelo menos dois deles eram voltados ao funcionamento da cidade: um para transportes e outro para as instalações olímpicas. Esses centros tinham a função de acompanhar as competições de rua, o fluxo nas estações de trem e metrô e o movimento em cada instalação dentro do Parque Olímpico.