A confiança entre os empresários da indústria e do comércio continua sua marcha descendente.
O Índice de Confiança da Indústria (ICI), apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado anteontem, recuou 3,9%, para 87,2 pontos, o mais baixo nível desde maio de 2009.
O Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec), apurado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), por sua vez, recuou 2,3% em junho em relação a maio e, em relação a junho do ano passado, o recuo foi de 12%, o mais intenso já registrado na pesquisa comparada.
Aloisio Campelo, da FGV, estimava que as greves de diferentes categorias de trabalhadores, aliadas às paradas programadas das empresas por causa do menor número de dias úteis no mês, em razão dos jogos da Copa do Mundo, tiveram impacto expressivo nas atividades industriais. Esses fatores se somaram a outros, estruturais, que já vinham tendo papel negativo, como demanda desaquecida, juros elevados e crédito mais caro. Entre as categorias de uso, as de bens duráveis e de bens de capital são as mais pessimistas: "Saímos de um cenário de confiança fraca para confiança muito mais fraca, baixa, um nível de pessimismo de difícil reversão", disse ele ao jornal Valor. Acrescentou que em julho é possível que diminua "a intensidade da queda de confiança", mas não o sinal negativo desse indicador.
Na área do comércio, e em nível nacional, dos nove itens pesquisados pelo Icec, seis chegaram ao menor nível desde o início da apuração em 2011. Na avaliação das condições correntes, a queda foi de -3,3% e a percepção com relação às condições econômicas atuais caiu -6,8%. Ou seja, a situação do momento inspira pouca confiança e o futuro próximo também. Mais de 70% dos empresários do comércio avaliam que as condições econômicas pioraram nos últimos 12 meses. Em razão disso, expectativas e intenções de investimentos também estão em queda.
O quadro é de percepções negativas que se autoalimentam entre os dois setores: o comércio não vê boas perspectivas à frente e reduz suas encomendas à indústria, que, por sua vez, não se sente animada a aumentar a produção e o nível de emprego.
Só é difícil de entender por que o Índice de Confiança do Consumidor, também apurado pela FGV, tenha subido 1% em junho, depois de cair 3,3% em maio e 0,8% em abril. Euforia da Copa, talvez?