domingo, 13 de julho de 2014

Articulador, Dornelles entra na chapa de Pezão para atrair apoios

- O Globo

Após ser escolhido como vice, senador ligou para 80 prefeitos em 2 dias

 
Com o maior poder de articulação entre os vices nas chapas que disputam o Palácio Guanabara, o senador Francisco Dornelles (PP) usou os dois dias após sua indicação à disputa para colocar em prática seu mantra político: “pedir mais e perguntar menos”. O vice na chapa do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) telefonou para 80 dos 92 prefeitos do estado em busca de apoio e votos. No total, foram 200 ligações para empresários, líderes religiosos e políticos.

Os telefonemas são parte de uma estratégia de bastidores eleitorais típica de Dornelles, para deslanchar a candidatura de Pezão e impedir o crescimento dos adversários Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB) e Lindbergh Farias (PT). O senador é apontado hoje por aliados e adversários como um político fluminense de atuação silenciosa e em todas as esferas dos poderes Executivo e Legislativo. Dornelles tem nomes de confiança espalhados pelos municípios e sua influência transita pelas máquinas dos governos estadual e municipais.

— Em política, você tem que pedir e dizer o que se espera da sua candidatura. Ligo como faço em todas as eleições para falar que sou candidato — afirma.


Para senador, desistência de Cabral em disputar eleições foi ‘equívoco’

Três vezes ministro de Estado e há 28 anos no Congresso, entre passagens pela Câmara e pelo Senado, Francisco Dornelles estava prestes a deixar para trás os mandatos em Brasília quando a vaga de vice na chapa de Luiz Fernando Pezão caiu em seu colo, numa operação às vésperas do fim do prazo para o registro das candidaturas.

O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e Pezão ligaram para Dornelles dois dias antes de se encerrar o período para os registros e avisaram que ele teria de assumir a vaga de vice. O PDT, que havia indicado o deputado estadual Felipe Peixoto para a função, tinha abandonado a coligação para levar à frente a candidatura ao Senado do presidente do partido, Carlos Lupi.

Dornelles aceitou a vaga, embora defendesse outra composição para a chapa. Para o parlamentar, a decisão de Cabral de não disputar o Senado ou outro cargo foi um erro.

— Eu estava preparado para não concorrer. Eu achei que o Sérgio Cabral fez um equívoco. Ele não devia ficar sem mandato, é uma pessoa de grande futuro político e seria importante para o Rio a presença dele no Senado — justifica Dornelles, que iria se dedicar à candidatura presidencial de seu primo, o tucano Aécio Neves. — Não digo que fiquei aborrecido pelo fato de não ser eu o candidato (ao Senado), mas fiquei um pouco aborrecido com o fato de ele ter aberto mão da candidatura dele.

Ano passado, Dornelles desistiu da disputa à reeleição em favor de Cabral. Mas, para o PMDB trazer DEM, PSDB e PPS para a coligação de Pezão, o ex-governador entregou a vaga ao ex-prefeito e vereador Cesar Maia (DEM). Em contrapartida, Cesar retirou a candidatura ao governo do estado.

— Achei que ele (Cabral) podia permanecer como candidato ao Senado e tentar mobilizar o DEM e o PSDB de outra maneira, (por exemplo) participar da chapa proporcional. Ou disputar mesmo a eleição para governador, pensando em um segundo turmo. Eu não fui contra a escolha do Cesar Maia. Eu achei é que o Sérgio que não deveria ter aberto mão (da candidatura).

Apesar do poder de articulação de Dornelles, peemedebistas afirmam que sua escolha aconteceu para evitar que PSD e Solidariedade brigassem pela vaga e criassem um mal-estar que contaminasse a chapa. O senador era o nome de consenso, embora alguns partidos da coligação tenham ficado inconformados por não levarem o posto.


Apostas no programa de TV

Embora Pezão declare que o foco é garantir seu espaço no segundo turno, Dornelles chegou mais ambicioso à chapa. Ele defende que o peemedebista trace como meta a vitória já no primeiro turno — as pesquisas de intenções de voto são lideradas por Anthony Garotinho e Marcelo Crivella. Para isso, o senador aposta no programa de TV para o crescimento do governador.

O senador vai propor uma descentralização das agendas, para que todo o estado seja coberto pela campanha de Pezão. Em alguns dias, governador e Dornelles estarão juntos. Em outros, o parlamentar fará campanha sozinho. Com forte entrada no interior do estado, Dornelles tem conseguido apoios por causa de seu modo de atuação parlamentar, com destinação de emendas para todos os municípios, estreitando a relação com os prefeitos. Em seu périplo de ligações telefônicas, o senador incluiu até mesmo prefeitos de partidos adversários, como o PT.

— Para o PT a gente ligou também. Se é apoio ou não, isso é segredo de estado. A gente nunca dá o nome da tropa. Estou pensando se ligo para os outros (12) que não liguei falando de outra forma: “Eu sei que você tem dificuldade, mas quem sabe você pensa na gente" — explica.

Dornelles projeta ser o “vice dos sonhos”:

— Eu tenho de atuar da forma como o governador desejar. O vice que eu mais admiro é o Marco Maciel, que foi um vice mudo, que só falava quando era necessário e que complementava os trabalhos do presidente (Fernando Henrique Cardoso).

Eu achei que ele podia permanecer como candidato ao senado e tentar movilizar o dem e o psdb de outra maneira, se puedesse participar da chapa proporcional. Ou disputar mesmo a eleicao pra gov, e penensando nua a.iancao senao no segundo turmo. De modo algum eu fui contra a escolha do cesar maia. Eu achei e que o sergio que nao devia ter aberto mão.