sábado, 12 de julho de 2014

Após duas décadas, Airbus prepara plano multibilionário para renovar jato A330

Segundo ‘New York Times’, empresa planeja lançar versão remodelada do jato para competir com modelos mais modernos

 
TOULOUSE, França - Após mais de duas décadas, a trajetória do gigante A330 na aviação civil pode estar chegando ao fim. Pelo menos em sua versão original, lançada em 1992. Segundo fontes ouvidas pelo jornal “New York Times”, a Airbus, fabricante da aeronave, tem em mãos um plano multibilionário para renovar o modelo. O objetivo é competir com aviões mais modernos, como o Boeing 787 Dreamliner e fazer frente a outras linhas da própria fabricante europeia, como o A350-XWB.

Segundo o “NYT”, o anúncio sobre os novos planos para o A330 podem ser feitos já nesta segunda-feira, às vésperas da feira internacional de Farnborough, no Reino Unido, a mais importante do setor.
Recentemente, o diretor-executivo da Airbus, Fabrice Bregier, afirmou, em entrevista a jornais europeus, que a possibilidade de investir em um “A330neo” cresce a cada dia. A nova versão do jato poderia contar com novos motores e asas mais aerodinâmicas, que reduziriam em cerca de 15% o consumo de combustível.

De acordo com as informações do “NYT”, no entanto, a companhia passou os últimos seis meses decidindo se valia mesmo a pena investir na nova geração da aeronave — estratégia que ainda não está totalmente confirmada, uma vez que os planos não foram oficializados. Entre as opções na mesa, estava a ideia de simplesmente deixar o A330 caminhar tranquilamente para a “aposentadoria”, enquanto a fabricante investe em outros modelos.


ANALISTA RECOMENDA ‘MELHORIAS CUIDADOSAS’

Um dos argumentos para manter o A330 no mercado é a receita que as vendas do modelo ainda trazem para a Airbus. Ao londo dos últimos 20 anos, a empresa já entregou cerca de 1.100 aviões do tipo, que ainda voam em mais de 100 aéreas de cerca de 40 países. Hoje, o jato responde por 40% do lucro do setor de aviação civil da Airbus, embora as encomendas pelo avião tenham diminuído ao longo dos anos.

A330 da Qatar Airways em exibição em feira de Dubai: avião já foi vendido para mais de 100 aéreas - DOUMENJOU Alexandre - Master Films / Divulgação Airbus


Outro fator que pesa sobre a decisão é a dificuldade em incluir um modelo completamente novo no mercado. O caso mais recente é o do 787 Dreamliner, da Boeing, que apresentou inúmeros problemas na bateria. A própria Airbus também sofreu com com falhas nas asas do novo A380.

Uma nova geração, com alterações cirúrgicas, do A330, portanto, seria a opção mais viável para manter o avião competitivo, sem perder a confiança das aéreas, que já conhecem as características do modelo.

— Acho que o A330 certamente tem lugar neste mercado e melhorias cuidadosas, feitas sob medida, provavelmente vão aumentar a relevância do produto por pelo menos mais dez anos — disse Michael Merluzeau, sócio da consultoria G2 Solutions, que acompanha o setor aéreo.

Algumas fontes dizem que a Airbus pode fechar encomendas para cerca de mil A330s remodelados, o que manteria a linha de montagem em Tolouse trabalhando por pelo menos mais uma década na produção das aeronaves. Segundo o “NYT”, aéreas como Delta Air Lines e a AirAsia X mostraram interesse no novo modelo, principalmente se eles puderem ser entregues em prazos mais curtos que a concorrência.

O novo A330 ainda deve ter menor eficiência em relação aos jatos mais novos. No entanto, entre as melhorias, a nova geração do avião, que entraria em circulação em 2020, teria espaço para dez assentos a mais, novos motores, semelhantes aos do Boeing 787, segundo as fontes do jornal americano.

Independentemente das mudanças previstas nas linhas de montagem das principais fabricantes, Airbus e Boeing, o setor espera um aumento nas vendas para o próximo ano. A expectativa é que os lucros combinados do segmento cheguem a US$ 18 bilhões neste ano, uma alta de 63% em relação aos US$ 11 bilhões do ano passado. Os números atualizados devem ser revelados na feira no Reino Unido.