O Globo / Com informações do New York Times
Segundo ‘New York Times’, empresa planeja lançar versão remodelada do jato para competir com modelos mais modernos
TOULOUSE, França - Após mais de duas décadas, a trajetória do gigante A330 na aviação civil pode estar chegando ao fim. Pelo menos em sua versão original, lançada em 1992. Segundo fontes ouvidas pelo jornal “New York Times”, a Airbus, fabricante da aeronave, tem em mãos um plano multibilionário para renovar o modelo. O objetivo é competir com aviões mais modernos, como o Boeing 787 Dreamliner e fazer frente a outras linhas da própria fabricante europeia, como o A350-XWB.Segundo o “NYT”, o anúncio sobre os novos planos para o A330 podem ser feitos já nesta segunda-feira, às vésperas da feira internacional de Farnborough, no Reino Unido, a mais importante do setor.
Recentemente, o diretor-executivo da Airbus, Fabrice Bregier, afirmou, em entrevista a jornais europeus, que a possibilidade de investir em um “A330neo” cresce a cada dia. A nova versão do jato poderia contar com novos motores e asas mais aerodinâmicas, que reduziriam em cerca de 15% o consumo de combustível.
De acordo com as informações do “NYT”, no entanto, a companhia passou os últimos seis meses decidindo se valia mesmo a pena investir na nova geração da aeronave — estratégia que ainda não está totalmente confirmada, uma vez que os planos não foram oficializados. Entre as opções na mesa, estava a ideia de simplesmente deixar o A330 caminhar tranquilamente para a “aposentadoria”, enquanto a fabricante investe em outros modelos.
ANALISTA RECOMENDA ‘MELHORIAS CUIDADOSAS’
Um dos argumentos para manter o A330 no mercado é a receita que as vendas do modelo ainda trazem para a Airbus. Ao londo dos últimos 20 anos, a empresa já entregou cerca de 1.100 aviões do tipo, que ainda voam em mais de 100 aéreas de cerca de 40 países. Hoje, o jato responde por 40% do lucro do setor de aviação civil da Airbus, embora as encomendas pelo avião tenham diminuído ao longo dos anos.

Outro fator que pesa sobre a decisão é a dificuldade em incluir um modelo completamente novo no mercado. O caso mais recente é o do 787 Dreamliner, da Boeing, que apresentou inúmeros problemas na bateria. A própria Airbus também sofreu com com falhas nas asas do novo A380.
Uma nova geração, com alterações cirúrgicas, do A330, portanto, seria a opção mais viável para manter o avião competitivo, sem perder a confiança das aéreas, que já conhecem as características do modelo.
— Acho que o A330 certamente tem lugar neste mercado e melhorias cuidadosas, feitas sob medida, provavelmente vão aumentar a relevância do produto por pelo menos mais dez anos — disse Michael Merluzeau, sócio da consultoria G2 Solutions, que acompanha o setor aéreo.
Algumas fontes dizem que a Airbus pode fechar encomendas para cerca de mil A330s remodelados, o que manteria a linha de montagem em Tolouse trabalhando por pelo menos mais uma década na produção das aeronaves. Segundo o “NYT”, aéreas como Delta Air Lines e a AirAsia X mostraram interesse no novo modelo, principalmente se eles puderem ser entregues em prazos mais curtos que a concorrência.
O novo A330 ainda deve ter menor eficiência em relação aos jatos mais novos. No entanto, entre as melhorias, a nova geração do avião, que entraria em circulação em 2020, teria espaço para dez assentos a mais, novos motores, semelhantes aos do Boeing 787, segundo as fontes do jornal americano.
Independentemente das mudanças previstas nas linhas de montagem das principais fabricantes, Airbus e Boeing, o setor espera um aumento nas vendas para o próximo ano. A expectativa é que os lucros combinados do segmento cheguem a US$ 18 bilhões neste ano, uma alta de 63% em relação aos US$ 11 bilhões do ano passado. Os números atualizados devem ser revelados na feira no Reino Unido.