NY: nem na hora da posse De Blasio abandona seu lado populista
Novo prefeito escolheu tomar posse de sua pequena casa, no bairro do Brooklin, ao lado da mulher e dos dois filhos adolescentes
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Bill de Blasio é empossado novo prefeito de Nova York pelo ex-presidente Bill Clinton, na Câmara Municipal, em Nova York (pencer Platt/Getty Images/AFP)
O democrata Bill De Blasio, 52 anos, assumiu nesta quarta-feira a prefeitura de Nova York, a cidade mais influente dos Estados Unidos e do mundo. O político, que fez uma ampla campanha voltada a reduzir a distância entre ricos e pobres na cidade, tomou posse formalmente como o 109º prefeito em uma cerimônia formal na escadaria da prefeitura. Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos, conduziu o juramento.
Antes da posse oficial, porém, De Blasio mostrou mais uma vez seu lado populista ao realizar uma cerimônia na porta de sua casa, no bairro do Brooklin, logo depois da meia-noite. Essa 'primeira posse' foi conduzida pelo procurador-geral de Nova York, Eric Schneiderman. Chirlane McCray, mulher de De Blasio, e seus dois filhos adolescentes estavam presentes.
De Blasio sucede o milionário republicano Michael Bloomberg, que administrou Nova York por doze anos. Sua gestão foi elogiada por tornar a cidade mais segura e ecológica.
O novo prefeito de Nova York venceu o candidato republicano Joseph Lhota nas eleições de novembro de 2013 com 73% dos votos. Entre as promessas de campanha, De Blasio se comprometeu a ajudar quem está nos últimos degraus da escada econômica e luta para pagar serviços básicos, como habitação e transporte público.
“Este é o início de uma caminhada que nós iremos percorrer juntos. Muitas coisas importantes nos aguardam”, disse De Blasio, a uma dezena de militantes que estavam em frente à sua casa durante sua posse como prefeito de Nova York.
A cerimônia modesta, na frente de sua residência, contrasta com a posse de seu antecessor, em 2002. Na ocasião, Bloomberg tomou posse do cargo na Times Square, em meio a confetes e uma multidão que lotava o local.
Desigualdade social – Ao mesmo tempo em que Nova York tem cerca de 400.000 milionários, mais de 21,2% dos nova-iorquinos vivem abaixo da linha de pobreza e mais de 52.000 pessoas não têm domicílio fixo, vivendo em abrigos da prefeitura.
Para melhorar o padrão de vida dessas pessoas, o político diz ser a favor de um salário mínimo horário de dez dólares (atualmente é de oito dólares no estado de Nova York). Outra promessa de campanha envolve a cobrança de impostos mais altos para nova-iorquinos que ganham mais de 500.000 dólares ao ano. O dinheiro poderá ser usado para financiar jardins de infância gratuitos para crianças a partir dos quatro anos de idade.
Trajetória – O caminho de De Blasio até a prefeitura de Nova York começou no Conselho da Cidade, órgão equivalente à Câmara Municipal. Ele foi vereador por dois mandatos consecutivos e venceu as eleições para promotor público da cidade. De Blasio estava desde 2010 no cargo, que usou para construir sua plataforma de campanha. Ele também foi diretor do departamento de moradias de Nova York e gerenciou a primeira campanha de Hillary Clinton ao Senado. Contudo, muitos apontam seu currículo como insuficiente para administrar Nova York, uma cidade com 300.000 funcionários e orçamento de 70 bilhões de dólares.
Outra questão que levanta dúvidas são suas crenças políticas. Na década de 1980, pouco antes de graduar-se na Universidade de Columbia, ele trabalhou na organização social Quixote Center. De acordo com o New York Times, em uma viagem para a Nicarágua durante a guarra civil, ele ajudou a guerrilha sandinista, que queria implantar um regime totalitário. O grupo lutava contra a resistência, apoiada pelo governo dos EUA.
As referências sobre seu passado, no entanto, foram suprimidas do perfil divulgado durante a campanha. Questionado sobre os episódios, ele alega ter sido um defensor do “socialismo democrático” e que o período de apoio à guerrilha foi um “aprendizado”. Atualmente, De Blasio se classifica como progressista e ao longo de toda a sua campanha manteve um discurso populista pautado em ações contra a desigualdade.
(Com agências France Presse e Reuters)