quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Dólar tem forte alta e vai a R$ 2,40 no primeiro pregão de 2014

Dólar tem forte alta e vai a R$ 2,40 no primeiro pregão de 2014

 


Expectativa de mais retirada de estímulos nos EUA e redução da venda de moedas pelo BC influenciam valorização do dólar. Bolsa opera em baixa, em dia de perdas generalizadas, com menor ritmo da atividade industrial na China
Bruno Villas Bôas - O Globo
 
 
O dólar comercial sobe forte no primeiro pregão de 2014 e chegou a ser negociado acima de R$ 2,40, acompanhando a tendência global. Por volta das 13h30m, a moeda tinha alta de 1,44%, cotada a R$ 2,389 na compra e R$ 2,391 na venda. O movimento reflete a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) vai continuar reduzindo os estímulos monetários no país - reforçada pela divulgação de dados positivos do mercado de trabalho dos EUA - e a menor intervenção do Banco Central (BC) brasileiro no mercado de câmbio.
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Nesta quinta-feira, o Departamento de Trabalho americano divulgou que os novos pedidos de auxílio-desemprego recuaram em 2 mil na semana passada nos EUA, para 339 mil solicitações. Foi a segunda queda semanal seguida do número, que ficou abaixo dos 344 mil pedidos previstos por economistas. O mercado de trabalho é um dos balizadores usados pelo Fed em suas decisões sobre a política monetária americana.

O dólar avança assim frente a moedas como a coroa norueguesa (1,39%), o rand sul-africano (1,32%), o euro (0,81%) e o peso mexicano (0,55%). Mas a valorização frente ao real nesta quinta-feira é, novamente, a mais intensa entre as 16 principais moedas acompanhadas pela agência Bloomberg News e uma das maiores entre 25 principais emergentes.

Segundo o operador de um banco brasileiro, a valorização se dá de forma mais intensa frente ao real porque o Banco Central brasileiro iniciou nesta quinta-feira seu novo programa de intervenções diária no mercado de câmbio, anunciado em 18 de dezembro, pelo qual passa a ofertar um volume diário menor de moeda aos agentes financeiros.

- O programa do BC vai oferecer agora semanalmente US$ 1 bilhão, em vez dos US$ 3 bilhões semanais do programa anterior, o que incluia os leilões de linha. Isso significa menos impacto para impedir a alta do dólar - lembrou o operador, que pediu para não ser identificado. - E, além dos leilões, pressiona o fato de o volume de negócios continuar reduzido, com muitas empresas fechadas, o que deve continuar nesta sexta-feira.

No primeiro leilão do novo programa de “ração diária” ao mercado, o BC colocou nesta quinta-feira todos os 4 mil contratos de swap cambial ofertados, numa intervenção de US$ 199 milhões. No ano passado, a autoridade monetária ofertava 10 mil contatos por dia. O leilão não alterou assim a trajetória de valorização da moeda, que oscilou entre a mínima de R$ 2,378 (alta de 0,89%) e a máxima a R$ 2,405 (alta de 2,04%).

Para quem pretende viajar, o dólar turismo - cotação usada para papel moeda e cartões pré-pagos - sobe 2,85%, vendido a R$ 2,52 nas casas de câmbio e bancos do Rio de Janeiro, segundo acompanhamento do sistema CMA. No ano passado, a cotação da moeda no mercado turismo avançou quase 14%, a maior valorização anual desde 2008. O dólar turismo acompanha de perto as variações da cotação do dólar comercial (mais usada por bancos e em operações financeiras).

Pedido de auxílio-desemprego caem nos EUA

Entre os indicadores relevantes desta quinta-feira, o Departamento de Trabalho dos EUA divulgou que o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego recuou em 2 mil na semana passada, para 339 mil pedidos, dados ajustados sazonalmente. Foi a segunda semana seguida de melhora do indicador, que ficou abaixo dos 344 mil pedidos previstos por economistas consultados pela Bloomberg.

Com o número melhor que o esperado, os títulos de dez anos do Tesouro americano (os chamados treasuries) superaram a taxa de 3% ao ano, para o maior patamar em dois anos, segundo a Bloomberg News. O comportamento do mercado de trabalho é um dos indicadores usados pelo Fed em suas decisões sobre a política monetária no país.

Os juros futuros brasileiros também apresentam avanço consistente nesta quinta-feira, refletindo o movimento das taxas americanas. Os contratos de DI com vencimento em janeiro de 2015 sobem de 10,58% para 10,64% na BM&FBovespa. São os mais negociados do dia. Os com vencimento em janeiro de 2017 passam de 12,28% para 12,38%.

Bolsa cai no primeiro pregão do ano

Os mercados também são influenciados nesta quinta-feira pela desaceleração da atividade industrial da China em dezembro. O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do país caiu 50,5 em dezembro, frente 50,8 em novembro, a menor taxa em três meses, segundo a pesquisa divulgada pelo HSBC/Markit.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em baixa de 1,52%, aos 50.723 pontos pelo Ibovespa, seu principal índice. Os destaques de perdas são as construtiras, influenciadas pela movimentação no mercado de juros. Os papéis ordinários (ON, com voto) da Brookfield caem 6,95%, a R$ 1,07; os da Gafisa perdem 5,66%, a R$ 3,33.

Também entre as baixas do dia está a ALL Logística, companhia que tem a maior malha ferroviária do país. Os papéis ordinários da empresa sofrem na Bolsa em meio à notícia de que a ferrovia estaria na mira do governo por supostos descumprimentos de contratos e reclamações de clientes. As ações ordináriascaem 3,20%, a R$ 6,35.

Já as ações preferenciais de classe A (PNA) da Suzano Papel e Celulose sobem 0,86%, a R$ 9,32, liderando os ganhos. A empresa comunicou na noite de quarta-feira o início das operações de uma nova unidade de produção de celulose, em Iperatriz (MA). Essa unidade tem capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas por ano de celulose.

Em Wall Street, o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, opera em baixa de 0,57%, após fechar o ano passado com o melhor desempenho anual desde 1995. O S&P 500 recua 0,64% e o Nasdaq, 0,79%. Os índices de ações americanos são afetados por papéis de tecnologia, que caem após a Wells Fargo & Co reduzir recomendação para papéis da Apple.

Os números chineses também afetaram o desempenho dos principais índices de ações europeus. O FTSE 100, da Bolsa de Londres, perde 0,33%. O CAC 40, de Paris, recua 1,01%. O DAX, da Bolsa de Frankfurt, perde 0,49%. E o Ibex, da Bolsa de Madri, apresenta uma queda de 1,08%. Os investidores deixaram assim, em segundo plano, a melhora do setor industrial da zona do euro, que cresceu em dezembro no ritmo mais rápido desde meados de 2011.