sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Mais de 140 pessoas seguem presas pelo 8 de janeiro, afirma advogada

 Carolina Siebra, que representa a Asfav, rejeita PL da Dosimetria e defende anistia ampla


A advogada Carolina Siebra representa a Asfav | Foto: Revista Oeste 


A advogada Carolina Siebra, representante da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav), afirmou que mais de 140 pessoas ainda permanecem presas quase três anos depois dos atos ocorridos em Brasília. Em entrevista ao Arena Oeste desta quintafeira, 2, Carolina relatou irregularidades no processo judicial, nas condições de prisão e nas medidas que afetam familiares dos detidos. 

Carolina atua na defesa de presos e familiares desde 9 de janeiro de 2023, quando recebeu a primeira ligação de uma parente que não sabia onde estava sua irmã. “Tive que buscar a porta da Colmeia para a gente ver listas das pessoas”, disse, em referência à Penitenciária Feminina do Distrito Federal. “Costumo dizer que era como se fosse uma grande tragédia de avião, onde vão saindo listas com o nome das pessoas, e os familiares ficam ali na porta esperando.” 

Segundo a advogada, as detenções ocorreram em dois momentos. No dia 8, parte dos manifestantes entrou em prédios públicos em busca de abrigo contra bombas lançadas de helicópteros. “Quem quebrou, quem depredou alguma coisa, entrou e teve tempo de ir embora”, declarou. “As pessoas que ficaram ali dentro ficaram para se proteger e ficaram acuadas.”

Já no dia 9, pessoas que estavam no entorno do Quartel-General do Exército foram impedidas de deixar o local. “A partir de um determinado horário do dia 8, você entrava no QG e não podia mais sair”, relatou. “No outro dia, quando os ônibus chegaram para pegar essas pessoas, eles chegaram informando que iriam levar para triagem, mas não foi o que aconteceu.”



Advogada relata condições precárias nos presídios antes da morte de Clezão

Carolina também detalhou a situação dos detidos nas unidades do Distrito Federal. Segundo ela, a alimentação era entregue em condições precárias. “A xepa chega de manhã cedo com o almoço e com o jantar”, contou. “Quando chega no final do dia, essa comida já está estragada, e eles têm que comer mesmo assim, porque é o que tem.”

As audiências de custódia, previstas em até 24 horas depois da prisão, teriam ocorrido mais de 15 dias depois. “Os advogados não tinham o direito de conversaUm dos casos mencionados foi a morte de Clezão, em novembro de 2023. Segundo Carolina, havia pareceres favoráveis do Ministério Público à soltura, mas eles foram ignorados. 

“A morte do Clezão não é uma morte qualquer, ela é uma morte que tem a omissão clara do Estado”, afirmou. A advogada entregou ao deputado Paulinho da Força (SolidariedadeSP), relator do projeto que trata de anistia, um relatório das ilegalidades enfrentadas. Por isso, se disse contrária ao PL da Dosimetria: “Eles veem essas pessoas como números”, criticou. Para

Ela citou ainda situações de presos com comorbidades, surtos psicóticos e tentativas de suicídio. Para a advogada, a manutenção dessas condições configura violações graves. A advogada entregou ao deputado Paulinho da Força (SolidariedadeSP), relator do projeto que trata de anistia, um relatório das ilegalidades enfrentadas. 

Por isso, se disse contrária ao PL da Dosimetria: “Eles veem essas pessoas como números”, criticou. Parar com os seus clientes em sala reservada, tinham que conversar ali na frente de todo mundo”, disse. 

Carolina, apenas uma anistia ampla seria capaz de encerrar o ciclo. 

“A anistia é recomeçar, é ter o nome limpo de novo […] é devolver para elas um pouco de dignidade para que algumas tenham um final de vida decente, porque muitas delas são idosos.” 

Revista Oeste