terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

3R foca na operação após comprar US$2 bi em ativos da Petrobras

Brasileira 3R Petroleum se consagra como uma das principais operadoras independentes de campos de petróleo do país


3R Petroleum confirma follow on de até 1,5 bi
Polo Macau, da 3R Petroleum. Foto: 3R Petroleum

Polo Macau, da 3R Petroleum. Foto: 3R Petroleum


Com a assinatura de compra do polo Potiguar, da Petrobras, anunciada na véspera, a brasileira 3R Petroleum se consagra como uma das principais operadoras independentes de campos de petróleo do país, com potencial para ultrapassar gigantes como Shell e TotalEnergies até 2023.

A perspectiva é que a companhia, criada em 2014, alcance a operação de um total de 46,3 mil barris de óleo equivalente por dia (boe/d) no primeiro trimestre do próximo ano, quando prevê ter concluído a compra e assumido a operação do Polo Potiguar e de outros ativos.

A previsão foi feita pela empresa a partir da certificação de reservas dos ativos da 3R e da produção média de Potiguar em 2021.

O volume considera os campos operados pela empresa, independentemente do percentual de sua participação no contrato. A título de comparação, a francesa TotalEnergies operava em novembro de 2021 44,1 mil boe/d e a Shell 25,7 mil boe/d, segundo dados da reguladora ANP –a produção dessas empresas no país, como concessionárias, considerando suas participações em ativos de óleo e gás, é maior, superando 400 mil boe/dia, no caso da Shell.

Em entrevista à Reuters, o presidente da 3R, Ricardo Savini, afirmou que a empresa está agora satisfeita com o portfólio construído, após adquirir um total de 2,143 bilhões de dólares em ativos que eram da Petrobras desde 2018, e planeja agora focar na operação dos campos.

“Abrimos a companhia para isso, para estarmos presentes quando a Petrobras decidisse vender… por sorte e competência estávamos muito bem preparados.. Estamos felizes com o portfólio que montamos e a cereja do bolo é Potiguar”, disse Savini.

A companhia adquiriu participação e operação de um total de nove polos de campos de petróleo maduros que eram da Petrobras, contendo 58 concessões de óleo e gás, dos quais 414 milhões de dólares já foram pagos.

Parte dos valores são desembolsados na assinatura dos contratos e outros montantes dependem do cumprimento de condicionantes, como a própria conclusão do negócio.

A estatal Petrobras colocou em curso nos últimos anos um amplo processo de desinvestimentos de ativos, enquanto concentra seus esforços nos gigantes campos do pré-sal. O movimento permitiu a competição e o fortalecimento de petroleiras menores, que prometem agora revitalizar áreas antigas e buscar a expansão da vida útil desses ativos.

Até o momento, a 3R concluiu a compra dos polos Macau, Rio Ventura, Areia Branca & Sanhaçu. A expectativa é concluir ainda a compra dos polos Fazenda Belém, Pescada, Recôncavo, Peroá e Papa-Terra até julho deste ano. Já Potiguar, a previsão é primeiro trimestre do ano que vem.

“Não planejamos novas aquisições nesse momento, o foco agora será em operar”, disse Savini.

PRÓXIMOS PASSOS

Para 2022, a 3R planeja investir cerca de 100 milhões de dólares em ativos já sob sua operação. Dentre os trabalhos previstos, a empresa planeja reativação e intervenções em poços, além de novas perfurações, segundo o diretor financeiro da petroleira, Rodrigo Pizarro.

A empresa está atualmente realizando uma licitação para sondas de perfuração, na qual deverá contratar duas. A perspectiva, segundo os executivos, é que sejam perfurados poços em Macau e Areia Branca neste ano, e provavelmente em Rio Ventura. Eles não deram mais detalhes.

Savini pontuou que a empresa também trabalha na apresentação de novos planos de desenvolvimento para suas concessões e planeja solicitar à reguladora do setor ANP a redução de alíquotas de royalties para seus ativos, conforme novas regulamentações que têm como objetivo fomentar investimentos e ampliar a vida útil de campos maduros.

A companhia também planeja concluir neste ano um plano ESG, consolidando iniciativas ambientais e sociais já em curso e estabelecendo metas concretas de redução de emissões, dentre outras questões.

Dentre outros planos, a empresa avalia ainda projetos de geração térmica a gás para terceiros, também como forma de trabalhar com o chamado combustível da transição energética.

NOVAS POSSIBILIDADES

Pizarro ressaltou que, com o Polo Potiguar, a 3R terá aproximadamente 77% de sua produção ancorada em terra ou em águas rasas, que permite um custo de extração mais baixo e flexibilidade para mobilizar planos de perfuração e intervenções com mais rapidez.

O executivo ressaltou ainda que a compra de Potiguar coloca a 3R em posição privilegiada, com novas oportunidades de negócios, incluindo a comercialização de combustíveis.

“Analisando o preço de Potiguar, parte importante do valor que está sendo pago é pela infraestrutura que não existe em outro polo”, afirmou.

O acordo com a Petrobras prevê a venda de 22 campos em produção e a transferência de toda a infraestrutura e sistemas de dutos que suportam a operação.

Está incluído ainda o Ativo Industrial de Guamaré, que engloba unidades de processamento de gás natural, a refinaria de Clara Camarão e o Terminal Aquaviário de Guamaré, com ampla capacidade de estocagem e sistemas que permitem a exportação e importação de óleo e derivados.


Reuters