Com pouco mais de um ano, ferramenta de transferências cai no gosto do brasileiro e é 22.ª marca mais bem avaliada entre 1,6 mil nomes, aponta pesquisa da agência VMLY&R
Pouco mais de um ano depois de ser lançado pelo Banco Central, o Pix entrou de vez na vida do brasileiro, deixando no passado funcionalidades como TED e DOC. A ferramenta se tornou uma das marcas mais lembradas pelos consumidores no País, segundo pesquisa da agência VLMY&R.
De acordo com o estudo, a ferramenta de transferências do BC se estabeleceu como a 22.ª marca mais bem avaliada entre 1,6 mil nomes. Com o desempenho, o Pix deixou para trás nomes como iPhone (23.º), Samsung Galaxy (24.º) e Brastemp (25.ª). Ainda segundo o estudo, o Pix conseguiu superar outras marcas importantes do mundo digital, como o Nubank, que ficou na 29.ª posição, e o Instagram, que aparece no 33.º lugar.
Segundo dados do Banco Central, o Pix já atingiu a marca de 120 milhões de contas ativas, entre pessoas físicas e jurídicas, com aproximadamente 395 milhões de chaves cadastradas, pois cada cliente pode escolher mais de uma forma de receber e enviar dinheiro.
Chefe do departamento de comunicação do BC, Eduardo Daniel de Souza conta que a boa aceitação da ferramenta teve o apoio de campanhas de bancos particulares, uma vez que a própria autarquia não teve verba para ações de marketing sobre o Pix. “Criamos essa marca pensando que ela precisava ser fácil para as pessoas falarem e também estar em harmonia com as empresas que ofertam o serviço para a população”, diz Souza.
Em janeiro deste ano, segundo o BC, foram realizadas 1,3 bilhão de transações via Pix. Foto: Leo Souza/Estadão - 16/11/2020Para o consultor em marcas Luciano Deos, da consultoria GAD, um dos principais pontos de sucesso do Pix está na facilidade do nome dado ao serviço digital de transferência. “Poderia ser um nome muito mais complexo, ou uma sigla como TED e DOC, mas nesse sentido o BC foi muito feliz em trazer um apelido simples que facilita a conexão com os usuários”, avalia.
Professor da FGV e especialista em precificação de valor de companhias, Hsia Hua Sheng explica que apesar de não se tratar de uma empresa privada, ou de um produto do mercado, é possível imaginar quanto vale a “marca” Pix levando em consideração o valor de negócio que a ferramenta conseguiu retirar das empresas do setor de pagamentos. “Se o Banco Central fosse privatizar o Pix ele valeria por volta de R$ 180 bilhões, que é quanto as maquininhas de pagamento e os grandes bancos deixaram de registrar depois desse serviço”, afirma.
Para Sheng, o preço “hipotético” do Pix seria comparável ao valor de mercado do Nubank, que na última sexta-feira valia aproximadamente US$ 35,9 bilhões, ou R$ 181 bilhões, na cotação do dólar do dia.
Apesar de o Pix ser reconhecido e bem avaliado pela população, Luciano Deos chama, porém, a atenção para o fato de que, tecnicamente, o Pix não pode ser classificado como marca. “A ideia de marca está ligada à perspectiva de concorrência, por meio da qual o consumidor escolhe o produto em detrimento de outro por conta do seu valor – o que não ocorre com o serviço oferecido pelo Banco Central”, afirma.
Wesley Gonsalves, O Estado de S.Paulo