sexta-feira, 24 de julho de 2020

"A sabedoria da Dama de Ferro, o radicalismo do novo Partido Democrata e as fake news sobre a Amazônia..."


Margaret Thatcher costumava dizer que os Estados Unidos conseguiram construir um aparato institucional tão eficaz e à prova de aventuras que mesmo um presidente mais à esquerda não disporia de instrumentos para tirar o país do trilho liberal. Não há dúvidas de que a Dama de Ferro tenha sido uma das mentes mais sábias da sua época — na verdade, de todos os tempos. Também é certo que os fundamentos sobre os quais a sociedade norte-americana se estabeleceu são sólidos e seguem como o melhor exemplo para o mundo democrático. 
A América é a terra da liberdade, da inventividade, do capitalismo que cria riquezas e oportunidades. Mas será que o Partido Democrata, que já teve nomes como John Kennedy, continua comprometido com esses valores? É a reflexão proposta pela analista política Ana Paula Henkel, nossa colunista. Ana vive nos Estados Unidos, na Califórnia, e acredita que há razões para nos preocuparmos com a forma como vem atuando o partido de Joe Biden.
Ao mesmo tempo, o capitalismo tal qual o conhecemos deve passar por certos ajustes. Na reportagem “O que nos espera depois da pandemia”, a tarimbada jornalista Selma Santa Cruz trata do assunto — e, como de hábito, expõe um potente conjunto de dados. Nossa convicção é que o liberalismo sempre terá boas respostas para os desafios que se apresentarão. Na condição de “obra aberta” em permanente construção, o liberalismo não é dogmático e permite novos pactos.
Um dos tópicos de maior destaque dessa nova agenda é a pauta ambiental. No caso do Brasil, é verdade que a pobreza na Amazônia resulta em devastação e o Estado precisa enfrentar com firmeza esse problema. Mas também é fato que o país tem mais vegetação nativa que a Rússia, cujo território é duas vezes maior, e o dobro de Estados Unidos e Canadá juntos. 
E é uma grosseira fake news a história de que o agronegócio expande sua produção graças à destruição da floresta. J. R. Guzzo mostra como essa narrativa tem prosperado na Europa em razão do lobby dos produtores agrícolas locais e do discurso politicamente correto de fácil aderência, mas sem base em dados.
Uma nova mensagem politicamente correta é o lema “Silêncio é violência”, propagado nas mobilizações antirracistas. Agora, os ativistas de esquerda querem nos obrigar a vociferar os bordões pré-aprovados pelo Black Lives Matter. E, caso não o façamos, incorreremos no crime de prática de violência. 
Mick Hume, da Spiked, adverte: há um perigoso componente totalitário nesse bordão e manter-se em silêncio é um direito tão constitucional quanto expressar-se acerca de quaisquer assuntos. Como já foi dito nesse espaço, mas talvez seja conveniente reiterar, a Spiked é a principal revista digital conservadora do Reino Unido, com sólida reputação construída em quase duas décadas. No Brasil, apenas a Revista Oeste tem licença para publicar conteúdos da Spiked.
Com alma conservadora de eflúvios britânicos, o capixaba-paulistano Bruno Garschagen aborda a necessidade de o mundo ocidental rever a relação política e comercial com a China. Algumas medidas recentes do Reino Unido e dos Estados Unidos parecem o início de um movimento nesse sentido.
No que diz respeito às relações com a China, ao menos oficialmente, o Brasil quer preservar a proximidade. Foi o que declarou o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. A política externa brasileira é o tema da entrevista que o chanceler concedeu ao repórter Cristyan Costa.
Na esfera da política local, o sempre elegante texto de Augusto Nunes discorre sobre um fenômeno nada elegante, a enorme desfaçatez das autoridades flagradas em práticas não republicanas.
Finalmente, como conservadores prezam a beleza — Roger Scruton tem até um livro cujo título é o substantivo abstrato —, Dagomir Marquezi oferece ao assinante da Revista Oeste um artigo esplêndido, ao mesmo tempo informativo e poético, sobre viagens de trem.

Revista Oeste