quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Mancha de óleo que atingiu 39 praias do Nordeste chega a Sergipe

Um mês após o aparecimento de manchas de óleo em 39 praias de sete estados do Nordeste, que prejudicou pescadores e afastou turistas, o material derivado do petróleo atingiu Sergipe na manhã desta quarta-feira (25).
A praia de Ponta dos Mangues, localizada no município de Pacatuba, amanheceu coberta por piche.
A engenheira de pesca Brenda Dantas, que já atuou em projeto de monitoramento pesqueiro na região, alerta que a área atingida localiza-se nas proximidades da reserva biológica de Santa Isabel, na cidade litorânea de Pirambu.
Mancha de óleo que atingiu no início do mês 39 praias no litoral nordestino chegou a Sergipe na manhã desta quarta-feira (25).  A praia de Ponta dos Mangues, no município de Pacatuba, amanheceu com piche na areia
Mancha de óleo que atingiu no início do mês 39 praias no litoral nordestino chegou 
a Sergipe na manhã desta quarta-feira (25). A praia de Ponta dos Mangues, no 
município de Pacatuba, amanheceu com piche na areia
Brenda Dantas/Divulgação
A unidade de conservação destaca-se por ser um dos principais pontos do projeto Tamar, executado pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) que atua na preservação de espécies de tartarugas-marinhas ameaçadas de extinção.
“Essa região atingida situa-se onde termina a reserva biológica, que começa em Pirambu e vai até Pacatuba”, diz Brenda.
No Nordeste, apenas o estado da Bahia não foi afetado. As primeiras manchas apareceram no dia 2 de setembro. Inicialmente, os estados atingidos foram Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte e Ceará.
O ICMBio e a Marinha estão investigando o caso.
Em Pernambuco, o CPRH (Agência Estadual de Meio Ambiente) estuda o problema desde o início de setembro, mas ainda não chegou a uma conclusão definitiva sobre o que ocorreu.
O diretor de controle de fontes poluidoras do órgão, Eduardo Elvino, explicou que o mais provável é que algum navio tenha liberado o material de maneira ilegal em alto mar há mais de um mês.
Ele ressaltou que, a partir de uma modelagem matemática, o departamento de oceanografia da Ufpe (Universidade Federal de Pernambuco) está tentando identificar a suposta embarcação que teria lançado o óleo.
“Analisamos o material e identificamos que se trata de um derivado de petróleo de cadeia de carbono pesada. É característico de material de combustível de navio. Esse descarte, normalmente, se faz com a utilização de empresas legalizadas”, declarou Elvino.
Na manhã desta quarta-feira (25), ele informou que o material já foi removido das praias, mas que podem aparecer algumas outras manchas esporádicas. “Os municípios já fizeram a remoção do piche.”
 
A área de georreferenciamento da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) está auxiliando a investigação com a análise de imagens de satélite.

João Valadares, Folha de São Paulo