segunda-feira, 30 de setembro de 2019

"O Supremo e as maçãs podres", por Luiz Carlos Nemetz




A maçã é a fruta mais emblemática e simbólica da natureza.
Sua referência metafórica está por toda a parte.
No livro de Gênesis da Bíblia Sagrada representa o pecado original que tirou Adão e Eva do paraíso por colherem o fruto da árvore do conhecimento.
Mas não para por aí. Na fábula, entorpeceu a Bela Adormecida.
A teoria da gravidade, por exemplo, foi formulada depois que uma maçã caiu sobre a cabeça de Sir Isaac Newton, em 1666.
Um dos heróis da Suíça, Guilherme Tell, para não ser morto, acertou uma flechada em uma maçã colocada na cabeça do seu filho, no ano de 1307.
Steve Jobs, o grande empreendedor da revolução digital, colocou em seus negócios o nome e o símbolo “apple” (que quer dizer maçã).
Nova Iorque é conhecida como a “Big Apple” por ser a cidade símbolo dos EUA.
Pomo (daí a palavra pomar) da Discórdia, do mito grego de Helena de Tróia, também tem como centro a briga por uma maçã.
Robin Hood, arqueiro exímio, com os olhos vendados, divide uma maçã posta na cabeça de um amigo ao meio com uma flechada.
Na cultura judaica, no ano novo (“shana tova u’metuka” cuja comemoração se inicia neste ano do calendário gregoriano, neste dia 30 de setembro), a maçã simbolicamente é colocada à mesa e servida com mel, para que o ano novo (5780) seja doce e bom.
Os Beatles, a banda de rock mais famosa de todos os tempos escolheu a maçã como o símbolo de seu selo discográfico.
Até minha mãe, nos ensinou o conceito de equidade usando uma maçã: quando dois filhos disputavam os pedaços de uma fruta, ela era taxativa: - “Um divide! O outro, escolhe!”.
Mas a maçã também serve para simbolizar a toxicidade das relações pessoais e a péssima influência da más companhias. Daí vir a frase como uma metáfora usada como dito popular: “- basta uma maçã podre num cesto, para que todas as outras apodreçam rapidamente, também”.
E, é a mais pura verdade!
A maçã podre produz um hormônio gasoso chamado etileno, que, entre outras coisas, faz que as frutas saudáveis ao seu lado apodreçam rapidamente.
Assim está o Supremo Tribunal Federal, ante as instituições da República brasileira.
Alguns dos seus integrantes são maçãs podres.
A falta de ética, de decoro, de patriotismo, de espírito republicano, de isenção, de civismo causaram a podridão da instituição como um todo.
O Supremo Tribunal Federal está com mau cheiro. Perdeu a confiança e a segurança institucional junto à Nação. E esta, a instituição STF, se não cuidarmos, vai acabar pelo mesmo processo de contaminação, apodrecendo todas as demais instituições da República.
Caminhamos para um estado de barbárie, sem segurança jurídica, dominado pela marginalidade que quer seguir fazendo o que sempre fez, impunemente. Tudo sob os auspícios e com a proteção jurisdicional de alguns membros desta que deveria ser a Corte Suprema.
Esse processo de contaminação já está em franco andamento.
Até pouco tempo atrás, a sociedade tinha a certeza que o apodrecimento da teia social brasileira vinha exclusivamente do Poder Executivo e do Legislativo. Então foram feitas assepsias nestes poderes. Mas a indecência, o descaramento, a depravação, o despudor e a imoralidade seguiram seu rumo.
Então o Supremo Tribunal Federal ficou nu e está exposto perante o país.
E lá no STF, na verdade, é que estão as maçãs infectas que contaminam todo o sistema.
Alguns dos ministros do STF o tornaram uma instituição nauseabunda.
E ele, o Supremo, é a maçã malcheirosa que está dentro do cesto das instituições apodrecendo o Estado brasileiro.
Temos que correr para tirar esses frutos fétidos da nossa frente.
E para fazer isso, é chegada a hora de sacudir os galhos para que esses frutos pútridos caiam e sejam jogados no lixo da história.
E, intuo, que o Senado deva fazer isso rapidamente, sob o gravíssimo risco de a sociedade o fazê-lo.

Luiz Carlos Nemetz

Advogado.Vice-presidente e Chefe da Unidade de Representação em Santa Catarina na empresa Câmara Brasil-Rússia de Comércio, Indústria e Turismo e Sócio na empresa Nemetz & Kuhnen Advocacia.
@LCNemetz

Jornal da Cidade