sexta-feira, 3 de maio de 2019

Governo tem força para aprovar Previdência ambiciosa, diz presidente do Itaú

governo de Jair Bolsonaro (PSL) tem força política para aprovar uma reforma ambiciosa da Previdência, afirmou nesta sexta-feira (3) o presidente do Itaú, Candido Bracher.
Ele acrescentou ainda que a equipe econômica, liderada por Paulo Guedes, está comprometida com uma economia mais próxima ao R$ 1 trilhão proposto inicialmente.
“Sentimos na equipe econômica desejo de buscar esse número mais significativo, que não faça que à reforma da Previdência se sigam outras medidas de corte para manter a relação dívida pública/PIB”, afirmou Bracher em entrevista a jornalistas para detalhar os resultados do banco no primeiro trimestre.
O presidente do banco Itau, Candido Botelho Bracher
O presidente do banco Itau, Candido Botelho Bracher - Eduardo Anizelli/Folhapress
O executivo afirmou que espera a aprovação da reforma no segundo semestre e que isso tem adiado as decisões de investimento de grandes empresas. 
No primeiro trimestre de 2019, o Itaú, maior banco privado do país, lucrou R$ 6,9 bilhões, alta de 7,1% na comparação com igual período de 2018.
O banco revisou algumas metas de desempenho fixadas para o ano, mas manteve a expectativa de crescimento da carteira de crédito. Segundo Bracher, o motivo está nos sinais de recuperação da demanda que já apareceu no primeiro trimestre e que deve se intensificar nos próximos meses, justamente pela reforma.
Os principais cortes para o ano estão ligados ao setor de maquininhas de cartão.
A Rede fará o pagamento de vendas a crédito em dois dias, e não mais em 30, como é a prática do mercado, para lojistas que recebem no Itaú.
A oferta elimina a necessidade de antecipação de recebíveis, uma das receitas desse segmento. O banco não informou quanto está abrindo mão em receita nessa linha, mas reconhece que a receita vai cair.
“Fizemos as alterações [no guidance] mais ou menos na proporção do que achamos que vai ser o impacto da concorrência no setor de cartões”, afirmou o presidente do Itaú.
Segundo Bracher, a reação do mercado fez a medida da Rede parecer mais surpreendente do que deveria, já que o pagamento ao lojista em dois dias é uma prática de mercado em outros países.
"As pessoas agem ou se manifestam como se essa medida fosse inesperada. O mundo inteiro paga em D+2, o Brasil que tinha posição de pagar em D+30. Isso que a gente está fazendo agora é algo viabilizado por inflação sob controle e taxa de juro estável há mais de um ano e não tem nada de extraordinário. Nos antecipamos uma tendência que nos parecia inexorável”, afirmou.
A oferta da Rede está sob questionamento no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), em ação iniciada pela associação de empresas de maquininhas não ligadas a bancos. O banco foi acusado de venda casada (porque associa a oferta ao recebimento das vendas no Itaú) e dumping, quando a empresa aceita prejuízo para expulsar concorrentes do mercado.
“Se houvesse grandes compensações pelo fato de estar abrindo mão de receita, não teria sido necessário fazer alteração no nosso guidance. A concorrência está nos levando a reduzir nossos preços”, disse o executivo.

Tássia Kastner, Folha de São Paulo