domingo, 9 de setembro de 2018

Nove ex-presidentes da América Latina são investigados por caso Odebrecht; Lula, o ladrão maior, já está no xilindró


Peruanos protestam contra a corrupção - CRIS BOURONCLE / AFP


Em abril de 2015, a Odebrecht celebrava o título de maior construtora da América Latina. Tinha obras por todos os cantos do continente e acumulava lucros recordes. Com o avanço das investigações contra corrupção iniciadas no Brasil na esteira da Operação Lava-Jato, a empresa escolheu o caminho das colaborações judiciais e causou tremores no mundo político latino-americano ao confessar seus crimes de corrupção em dez países da região. 

O número de presidentes e ex-presidentes investigados no continente, três anos e meio depois, dá uma medida do alcance dos esquemas da empresa: ao menos nove ex-mandatários da região estão na mira das autoridades de seus países, e um presidente já perdeu o cargo. O caso Odebrecht ainda levou a uma onda de investigações sobre presidentes que, embora não tivessem relação com a construtora baiana, também se envolveram em esquemas suspeitos.

Para o procurador do Ministério Público Federal Roberson Pozzobon, que integra a força-tarefa da Operação Lava-Jato, em Curitiba, se antigamente as dificuldades burocráticas e as leis diferentes entre os países permitiam que os crimes transnacionais ficassem praticamente impunes, hoje o cenário mudou.

— Hoje é possível trocar informações e provas no âmbito de investigações e processos criminais de forma bastante rápida e eficiente, seja com países mais próximos geograficamente, como na América Latina, ou mesmo na Ásia — diz ele.


Pozzobon diz que antigamente o trunfo das organizações criminosas era a lavagem de dinheiro no exterior, fora do país de origem, justamente para dificultar o rastreamento de valores. Com as novas regras e tratados de cooperação internacional, porém, a modalidade se tornou "um verdadeiro calcanhar de aquiles" para os criminosos.

No Brasil, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o maior símbolo do cerco das investigações. O petista já foi condenado em duas instâncias por ter recebido, segundo a acusação, um apartamento reformado pela OAS como compensação por negócios com a Petrobras. Lula nega ter recebido o apartamento ou atuado a favor da companhia.


L
Luiz Inácio Lula da Silva
Está preso por corrupção e lavagem de dinheiro no caso de um tríplex que foi pago pela empreiteira OAS e é investigado em outras cinco ações originárias de investigações da Lava-Jato
Fernando Collor de Mello
É alvo de um inquérito baseado nas delações da Odebrecht. Ele também é réu em um processo no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de receber propina da BR Distribuidora
Michel Temer
Foi incluído em um inquérito do STF que apura suspeitas de repasses de propinas da Odebrecht para campanhas eleitorais do seu partido, o MDB
PERU
Ollanta Humala
É acusado de lavagem de dinheiro, acusado de receber US$ 3 milhões da Odebrecht. Ficou 9 meses preso
Alejandro Toledo
É acusado de receber US$ 20 milhões de propina da empreiteira na obra de uma rodovia. A Promotoria pediu sua extradição dos EUA
Pedro Pablo Kuczynski
Suspeito de lavagem de dinheiro. Está proibido de deixar o país e teve bens bloqueados pela Justiça
Alan Garcia
É investigado por tráfico de influência na concessão de uma linha de metrô à Odebrecht
EL SALVADOR
Maurício Funes
É investigado por sua campanha em 2008 ter recebido US$ 1,5 milhão da Odebrecht. Ele está exilado na Nicarágua
COLÔMBIA
Juan Manuel Santos
Chegou a ser investigado sob a suspeita de receber dinheiro da Odebrecht nas campanhas de 2010 e 2014. Foi liberado da investigação na Câmara dos Deputados, mas ainda pode ser alvo da Justiça Eleitoral
EQUADOR
Jorge Glas
O ex-vice-presidente foi condenado, em dezembro de 2017, a 6 anos de prisão e a pagar uma indenização de US$ 7,5 milhões. Ele é acusado de receber US$ 3,5 milhões da Ovdebrecht

Com informação de membros do GDA e colaboração do La Prensa do Panamá, Prensa Libre da Guatemala e El Día da República Dominicana.


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