sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Inflação é a menor em 12 anos e afasta risco de que BC antecipe alta de juros


Verduras em feira de rua no Rio de Janeiro. Alimentos tiveram queda de 0,70% - Reuters


A prévia da inflação oficial registrou o menor avanço do ano e a taxa mais lenta para o mês de setembro em 12 anos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,09% em setembro, frente à alta de 0,13% no mês anterior, informou o IBGE. É a menor taxa desde setembro de 2006. Para especialistas, o resultado diminui a pressão para que o Banco Central (BC) antecipe o início de uma trajetória de alta na taxa básica de juros Selic.

Esta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic estável em 6,5% e sinalizou que poderia subir os juros caso houvesse uma piora no cenário para a inflação. No comunicado final da reunião do Copom, o BC citou os efeitos secundários da pressão cambial sobre os preços. Mas destacou que a economia brasileira ainda trabalha com um elevado nível de ociosidade. Ou seja, fábricas e lojas estão com a demanda fraca. Muitos economistas estão preocupados com os efeitos do dólar nos preços, já que a moeda americana já subiu 23% este ano. Mas o resultado do IPCA-15 veio bem abaixo do previsto pelo mercado financeiro, que estimava uma alta de 0,18%.

“Isso reforça a a sinalização do Copom de que não há efeito significativo de pressões inflacionárias”, disse a economista do Santander Tatiana Pinheiro, em comunicado.

O economista Alberto Ramos, da Goldman Sachs, destaca que, apesar da alta do dólar, a economia ainda está crescendo em ritmo baixo, com deemprego elevado. Além disso, as expectativas para a inflação futura estão ancoradas, ou seja, estão abaixo do patamar definido pelo BC como meta para este ano. “Isso dá ao Banco Central um certo conforto a curto prazo”.

Mesmo assim, Ramos prevê que há um risco crescente de que o BC comece a “normalizar” a política monetária, ou seja, volte a subir os juros, antes do fim deste ano. Ele lembra que o cenário externo é desfavorável às economias emergentes e pode levar a uma desvalorização adicional do real. E, principalmente, há incertezas sobre o rumo político que o país vai adotar após as eleições presidenciais e se as reformas fiscais necessárias serão adotadas.

Nos 12 meses até setembro, o IPCA-15 acumulou alta de 4,28%. O centro da meta de inflação este ano é de 4,5% pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Os preços de alimentos no domicílio recuaram 0,70%, graças às quedas em cebola (-18,51%), batata inglesa (-13,65%), leite longa vida (-6,08%) e carnes (-0,97%).
Se os alimentos deram alívio na inflação, houve alta de 0,34% nas tarifas de energia elétrica, no sétimo mês seguido de aumentos na conta de luz. Nos últimos 12 meses, a tarifa de energia ficou 19% mais alta.



Com O Globo e agências