terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Merkel é reeleita líder dos conservadores alemães com 89,5% dos votos


Chanceler alemã, Angela Merkel reage após discursar no congresso da União Democrata Cristã - KAI PFAFFENBACH / REUTERS


O Globo


Chanceler disputará para um quarto mandato como chefe de Governo


BERLIM — A chanceler alemã, Angela Merkel, foi reeleita nesta terça-feira presidente da União Democrata Cristã (CDU) com 89,5% dos votos, duas semanas depois ter anunciado a intenção de tentar um quarto mandato como chefe de Governo. A votação ocorreu durante um congresso do partido em Essen, com a participação de quase mil delegados.

Esta é a 9ª vez que Merkel é reconduzida como presidente da CDU, um partido que dirige há 16 anos. Depois de 11 anos no poder, a chanceler é a governante mais longeva nos países ocidentais e se aproxima dos recordes nacionais de Konrad Adenauer (14 anos) e de seu mentor Helmut Kohl (16 anos).

Única candidata ao comando da CDU, Merkel fez um discurso de 75 minutos sob aplausos de seus partidários.

Ela é apresentada como a principal arma contra a ascensão do populismo, após as vitórias de Donald Trump e do Brexit — saída do Reino Unido da União Europeia (UE) —, e alertou para "soluções simplistas" oferecidas pelas direitas populistas e extremistas.

— O mundo não é preto e branco — disse a chanceler, sem mencionar diretamente o crescimento rápido e sem precedentes da direita populista Alternativa para a Alemanha (AFD). — Devemos permanecer céticos em relação a respostas simplistas porque raramente fazem avançar nosso país.

Merkel advertiu ainda que a campanha seria a mais difícil desde a reunificação em 1990.

— Não vai ser divertido — afirmou, apontando para uma forte polarização da sociedade.

Depois de uma queda nas pesquisas no final do ano passado e início de 2016 devido à crise de refugiados, a CDU voltou para os trilhos. Desde o anúncio da candidatura de Merkel, o partido subiu nas pesquisas, com 37%, contra 22% para os social-democratas.

Em seu discurso, a chanceler se mostrou ainda firme na defesa dos valores da Alemanha e da Europa, afirmando querer proibir o véu integral “nos locais onde é juridicamente possível” uma vez que “a lei alemã prevalece sobre a sharia“ (lei islâmica).

Seu ministro do Interior, Thomas de Maizière, já havia apresentado um projeto neste sentido, banindo a vestimenta islâmica que esconde o rosto na administração pública, escolas, universidades e tribunais.