sábado, 24 de dezembro de 2016

Desafiando Hollywood

Patti SonntagThe New York Times


A indústria cinematográfica peca pela falta de diversidade; qual o impacto disso sobre os atores e todos aqueles que ajudam a criar nossos mundos imaginários?

A indústria do cinema está mudando. As mulheres estão se tornando cada vez mais visíveis como diretoras (Kathryn Bigelow, Lisa Cholodenko, Ava DuVernay) e produtoras bem-sucedidas (a Pacific Standard, produtora de Reese Witherspoon emplacou megasucessos como "Garota Exemplar" e "Livre"; Sharmeen Obaid-Chinoy ganhou um Oscar em 2016 pelo curta "A Girl in the River: The Price of Forgiveness"). Apesar disso, muitas atrizes continuam ganhando menos que os colegas homens e a cerimônia de entrega do Oscar de 2016 foi duramente criticada pela falta de indicados não brancos.
Apenas algumas estrelas do alto escalão são reconhecidas como boas de briga e consideradas ameaçadoras na telona, mas isso também está começando a mudar. Scarlett Johansson, 32, foi elogiada por seu papel como uma alienígena à caça em "Sob a Pele" e aparecerá, em 2017, como uma policial na luta contra o crime em "O Fantasma do Futuro". Sua atuação como Viúva Negra na série "Os Vingadores" ajudou a torná-la a atriz mais rentável de todos os tempos, arrecadando mais de US$ 3.3 bilhões para os estúdios, segundo o Box Office Mojo. Apesar disso, até setembro deste ano, ela era a única mulher a entrar para a lista dos Vinte Mais do site.
Em entrevista, Scarlett fala de como o papel da mulher na vida real está mudando a participação feminina no cinema. A conversa foi editada e condensada.



Pergunta: O mundo a viu crescer na telona –afinal, você começou muito novinha. Durante esse mesmo período, o papel da mulher na vida real mudou muito. O cinema está começando a refletir esse fenômeno?
Scarlett Johansson: Vemos mais mulheres não só na direção, mas em vários outros departamentos. Se você olhasse o set há dez anos, veria basicamente só um bando de homens; talvez no departamento de figurinos, ou no cabelo e maquiagem visse mais mulheres. Hoje elas são assistentes de câmera, diretoras de fotografia, especialistas em iluminação.
Neste projeto com que estou envolvida agora, "Rock That Body", há várias mulheres na equipe técnica, ao contrário de muitas outras produções de que participei.
P: Isso acaba mudando a experiência da atuação para você?
Scarlett: É legal estar num grupo diversificado de modo que não haja uma maioria –ter a energia feminina no set, outros tipos de pessoas, climas diferentes. Ajuda a criar um ambiente mais equilibrado.
P: A essa altura da sua carreira, o que a atrai num papel?
Scarlett: Sempre segui os mesmo princípios para escolher meus trabalhos, ou seja, tento fazer filmes pelos quais o público vai pagar para ver, mas conforme vou ficando mais velha, essa definição vai mudando um pouco.
Nunca fui fã de HQ de super-herói, mas fiz "Homem de Ferro 2" porque adorei o que [o diretor Jon] Favreau fez no original. Mexeu comigo, que nem curto muito o gênero e, ainda assim, vi futuro em construir uma personagem com a Marvel.
A ideia de fazer uma franquia me empolgou –essa coisa de repetir um papel em diversas instâncias, o desafio de interpretar uma figura que tem a chance de ir conquistando os fãs, de deixar a minha marca nela.