Evando Éboli - O Globo
Empresas Focal, Rede Seg e VTPB já tiveram sigilos bancários quebrados
O corregedor-eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Herman Benjamin, determinou nesta quinta-feira a criação de uma força-tarefa para investigar as movimentações financeiras de três gráficas que trabalharam para a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer, em 2014. Essa força envolve agentes, técnicos e peritos da Polícia Federal, da Receita Federal e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), além do pessoal do TSE.
Eles irão avaliar as movimentações bancárias das gráficas Focal, Rede Seg e VTPB, que tiveram seus sigilos bancários quebrados na semana passada. Laudo contábil de peritos do tribunal concluiu que as empresas não apresentaram documentos que comprovassem a entrega, na totalidade, dos produtos e serviços contratados pela chapa.
Sete sócios das gráficas também tiveram o sigilo bancário quebrado: Carla Regina Cortêgoso, Elias Silva de Mattos, Carlos Roberto Cortêgoso e Regina Demarchi Cortêgoso, da Focal; Beckembauer Rivelino de Alencar Braga e Wilker Corrêa Almeida, da VTPB; e Vivaldo Dias da Silva, dono da Gráfica Rede Seg. A quebra atinge o período de um ano, de 1 de julho de 2014 a 30 de junho de 2015. É o período pré e pós eleitoral. A ação foi movida pelo PSDB.
As gráficas são acusadas de não prestarem o serviço contratado. A VTPB recebeu R$ 22,9 milhões para prestar serviços de publicidade e de fornecimento de materiais impressos. A suspeita é que seria uma empresa de fachada. A Focal recebeu R$ 24 milhões. A gráfica Red Seg, que recebeu R$ 6,15 milhões da campanha, é suspeita de não ter sequer um funcionário registrado e ainda um motorista, que recebe salário de R$ 1,5 mil, aparece como presidente da empresa nos documentos obtidos pelo TSE.
MOTORISTA FOI USADO COMO LARANJA
Laudos e pareceres técnicos contábeis que constam na ação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que investiga a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer, eleita em 2014, concluíram que uma das gráficas utilizadas para prestar serviços à campanha, a Rede Seg, de São Paulo, tinha como dono o motorista Vivaldo Dias da Silva. Na verdade, constataram os peritos, se tratava de uma “interposta pessoa”, um laranja, para ocultar o nome dos reais proprietários, integrantes da família Zanardo.
Vivaldo trabalhou como motorista nas empresas, todas gráficas do grupo, em dois períodos: de setembro de 2009 a abril de 2014 e de janeiro de 2015 a março de 2016. Justamente durante o período da campanha eleitoral, estaria desempregado. Nos documentos, entretanto, ele aparece como titular e administrador da Rede Seg desde fevereiro de 2012.