sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Rio teve três casos de vítimas de balas perdidas por dia em 2016. É a guerra civil provocada pela dupla Lula-Dilma

Bruna morreu na quarta-feira

Carolina Heringer - O Globo

O caso de Bruna Lace de Freitas, de 21 anos, morta após ser atingida por uma bala perdida nessa quarta-feira, soma-se ao de outras 846 vítimas fatais e não fatais registrados pela Polícia Civil no estado do Rio em 2016. A média é de quase três ocorrências por dia. Só no Engenho da Rainha, onde a jovem foi atingida, foram outros três casos este ano, de acordo com levantamento feito pelo EXTRA. Na 44ª DP (Inhaúma), responsável pela área, foram sete registros.

O levantamento inclui os casos ocorridos até quarta-feira. Foram 72 vítimas apenas em outubro. O caso de Bruna e os de outras três pessoas atingidas nos últimos dois dias ainda não estão na contabilidade. O mês com o maior número de registros foi maio, com 99.

A contagem de vítimas de bala perdida no estado do Rio foi modificada no fim do ano passado, após o EXTRA ter publicado a série de reportagens “Estatística de Festim”, que revelou que a metodologia utilizada pelo Instituto de Segurança Pública para somar os casos era falha e reduzia o número de feridos.

Bruna foi baleada dentro de casa, na Rua Pereira Pinto, no Engenho da Rainha, Zona Norte do Rio. Ela foi atingida por volta das 17h30m, quando um disparo atravessou uma das janelas de seu apartamento e acertou o seu olho. A vítima chegou a ser levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Complexo do Alemão, também na Zona Norte, mas não resistiu.

A jovem foi atingida dentro de casa
A jovem foi atingida dentro de casa Foto: Fabiano Rocha

A filha de Bruna, de 2 anos, viu o momento em que a mãe foi atingida. Desde aquele momento, a menina se mantém agarrada a uma boneca e pouco fala. Quando abre a boca, é para descrever a cena.

- Ela fica repetindo: "Mamãe caiu, mamãe caiu". E coloca o dedo no olho. A gente não sabe o que fazer. Não teve como impedi-la de ver a mãe ferida. Acho que é um trauma que minha sobrinha carregará para sempre - contou a operadora de teste Vilma Carlos Lace, de 24 anos, irmã de Bruna.

Ela contou que foi a irmã que ouviu o primeiro disparo. Logo em seguida, começou um tiroteio no Morro Engenho da Rainha, próximo ao apartamento:

- Eu fui para a janela ver o que estava acontecendo. Minha irmã ainda sorriu pra mim, como quem diz "Fofoqueira, hein?". E aí começou a loucura. Ouvi o vidro da janela quebrando e minha irmã caindo. Na hora, pensei que estava se abaixando para se proteger, mas logo em seguida veio o sangue. E aí comecei a gritar por socorro. Os vizinhos vieram, enrolaram minha irmã no edredom e levaram para a UPA. Pouco tempo depois, recebi a notícia da morte.

A filha da menina viu o momento em que a mãe foi atingida
A filha da menina viu o momento em que a mãe foi atingida Foto: Fabiano Rocha

Vilma relatou ainda que ela e Bruna já moraram em várias comunidades violentas do Rio. Há alguns meses, conseguiram alugar o apartamento e acharam que estavam livres de tiroteios.

- A Bruna tinha o sonho de sair de comunidade por causa da filha. Tinha medo que algo acontecesse. E realiza esse sonho e justo quando está dentro de casa, no local em que a gente deveria se sentir segura, acontece isso. O que fazemos agora? Para onde vamos? - disse a jovem.

O enterro será nesta sexta-feira, no Cemitério Inhaúma, na Zona Norte. O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios (DH).