quarta-feira, 26 de outubro de 2016

‘Real mais valorizado tem efeito positivo na inflação’, diz economista


  - Sanjit Das / Bloomberg
Diane Costa - O Globo

Nos últimos dois dias, o dólar alcançou as cotações mais baixas dos últimos 15 meses. Para Eduardo Levi, diretor de Estratégias de Investimento da Rio Bravo, Banco Central não deverá tentar evitar queda da moeda americana.

O que levou o real a patamar inferior a R$ 3,20?
Esse último movimento de valorização é uma combinação de investidor estrangeiro alocando recursos no Brasil e da repatriação de recursos brasileiros. E isso faz com que a pressão no câmbio seja forte.

Qual é a tendência?
A melhora das expectativas em relação à economia do Brasil e à repatriação vão continuar dando esse tom mais forte à moeda brasileira até o fim de novembro. Depois devemos reavaliar o nível do câmbio para ver se faz sentido na comparação a outros ativos financeiros. Afinal, o câmbio sempre funciona como uma proteção para investimentos locais.

O Banco Central (BC) deveria atuar para conter essa valorização?

Não. A preocupação maior do BC é com inflação e política monetária. O câmbio mais valorizado prejudica o exportador, mas tem outros efeitos que não são negativos. Não acredito que o BC vá artificialmente segurar o valor do real.

Quais os efeitos positivos?
Um câmbio mais valorizado tira a pressão de alimentos e de importados. Isso tem efeito positivo na inflação, que juntamente com esforços do governo de implementar as reformas são os componentes mais importantes hoje.

O senhor concorda com essa posição do BC?
Ele está focado corretamente, agindo de maneira conservadora, e pensando a longo prazo, em como a queda da inflação vai trazer a estabilidade econômica que precisamos depois de anos de recessão.