quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Polícia Federal indicia Lula por favorecer Odebrecht em Angola


‘Não tenho prova, mas convicção. Eu tenho convicção de que quem mentiu está numa enrascada’, disse o ex-presidente durante pronunciamento na quinta-feira - STRINGER / REUTERS


Jailton de Carvalho - O Globo


Ex-presidente é acusado de influenciar decisão sobre empréstimo do BNDES à empresa

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção. O ex-presidente é acusado de favorecer a Odebrecht em negócios em Angola. Em contrapartida a ajuda, a Odebrecht contratou uma empresa vinculada a Taiguara Rodrigues dos Santos, 42 anos, sobrinho da primeira mulher de Lula, Maria de Lourdes da Silva, que morreu em 1971.

Lula teria usado da influência do mandato que exercia para favorecer o pagamento de propina, no valor de R$ 20 milhões, segundo o "G1", da Odebrecht a Taiguara. De acordo com o portal de notícias, além de Lula, Taiguara, Marcelo Odebrechet e mais sete executivos da empreiteira também foram indiciados por corrupção e lavagem de dinheiro.

A PF decidiu indiciar com base na teoria do domínio do fato. Na condição de presidente da República, Lula não teria como deixar de influenciar na decisão do BNDES de conceder financiamentos em condição favorável para a Odebrecht em Angola. A informação é de uma pessoa que teve acesso a investigação.

EMPRESÁRIO JÁ FOI ALVO DA PF

O empresário Taiguara Rodrigues dos Santos foi alvo da Polícia Federal em maio deste ano em uma operação que investiga empréstimos do BNDES à Odebrecht. Ele é filho do ex-cunhado e melhor amigo de Lula na juventude, Jacinto Ribeiro dos Santos, o "Lambari", e Soledade Rodrigues Morales. Taiguara passou a ser investigado depois que vieram à tona informações sobre o enriquecimento dele e após a sua aproximação com a construtora Odebrecht.

A mudança de vida de Taiguara envolve negócios em Portugal e Angola. Ele é sócio da Exergia Brasil, que era responsável pelos contratos com a Odebrecht, com o empresário e advogado português João Pinto Germano, ligado ao partido do ex-primeiro ministro de Portugal José Sócrates, também amigo do ex-presidente Lula, denunciado por fraude fiscal, corrupção e lavagem de dinheiro pelo Ministério Público português.


Na CPI do BNDES, Taiguara disse que foi apresentado a Germano por Helder Beji, chefe de divisão do Tribunal de Contas de Angola, que começou sua trajetória política como integrante da juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Germano teria convidado Taiguara a abrir uma empresa-espelho da portuguesa Exergia, a Exergia Brasil, para atuar como um representante de vendas. No lugar de comissão, teria participação societária no negócio.