Sergio Moro fez uma palestra para magistrados e servidores da Justiça do Paraná nesta quinta-feira, um dia depois da prisão de Eduardo Cunha. Falou sobre um tema que ele mesmo sugeriu: ''Corrupção sistêmica e Justiça criminal''. Sem mencionar o nome do ex-mandarim da Câmara, o juiz da Lava Jato referiu-se claramente ao novo hóspede do sistema carcerário de Curitiba.
Moro disse que há no Brasil um cenário de ''corrupção sistêmica''. Para combater a roubalheira generalizada, sugere a ''aplicação vigorosa da lei''. A certa altura, declarou: ''Nossos processos não podem ser um faz de conta.''
Mencionou os casos em que a corrupção se torna uma prática ''serial, profissional e reiterada'' —os mesmos termos que havia anotado na ordem de prisão de Eduardo Cunha. Ensinou: “Quando a regra do jogo é a corrupção, não admitir o risco de reiteração criminosa [um dos fundamentos para a prisão preventiva] me parece incorreto.''
Para o juiz da Lava Jato, em matéria de combate à corrupção, o Brasil se encontra ''numa encruzilhada''. Dirigindo-se ao pedaço da plateia que veste toga, Moro fez algo muito parecido com uma conclamação: ''Que tenhamos sensibilidade para as necessidades do contexto. E isso significa, a meu ver, uma aplicação rigorosa da lei em relação à corrupção sistêmica.''