Lula fez forte defesa com tom político
O resumo da semana:
Lula — após dois anos e meio de investigações, o Ministério Público Federal denunciou o ex-presidente Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele foi acusado de ser o comandante máximo do esquema de corrupção na Petrobras e de ter recebido R$ 3,7 milhões da OAS, referentes ao apartamento do Guarujá e no armazenamento de itens do presidente. Na visão do MPF, o montante era parte do pagamento por vantagens obtidas pela empreiteira em contratos com a petroleira. Os procuradores sustentaram que não havia como Lula desconhecer os desvios, até porque houve um precedente, o mensalão, quando todo o país conheceu como são montados esquemas de corrupção. A mulher de Lula, Marisa Letícia, e outras seis pessoas também foram denunciadas. Em coletiva, a defesa atacou o procurador Deltan Dallagnol, disse que os indícios destacados na denúncia são “ilações” e afirmou que o “crime de Lula para a Lava-Jato é ter sido presidente eleito democraticamente duas vezes”. O ex-presidente falou que se alguma corrupção for provada ele vai a pé para ser preso. Lula alega estar sofrendo uma perseguição política. Falou que “ninguém respeita mais a lei nesse país do que eu” e que “a perseguição a mim é por causa das coisas boas que nós conseguimos fazer nesse país”. Ele também se comparou a Tiradentes. Em outra frente da Lava-Jato, o amigo de Lula e pecuarista José Carlos Bumlai foi condenado a 9 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e gestão fraudulenta. Ele pegou emprestado R$ 12 milhões no Banco Schahin para pagar dívidas do PT. A investigação indica que essa operação foi quitada por um contrato entre a Petrobras e o grupo Schahin para gerir o navio-sonda Vitoria 10000, um negócio bilionário que compensou o empréstimo feito lá atrás.
Eduardo Cunha — o ex-presidente da Câmara foi cassado com o voto de 450 deputados, no desfecho de um processo que durou 11 meses. Cunha foi acusado de mentir aos colegas ao negar suas contas no exterior. A conduta dele foi considerada “incompatível” com o mandato. Durante os últimos meses, o deputado tentou diversas manobras para atrasar o desfecho do processo e foi acusado de ameaçar colegas favoráveis à sua condenação.
Atividade — o volume do setor de serviços caiu 4,5% em julho, contra o mesmo mês de 2015. Foi o pior resultado para julho da série, iniciada em 2012. A influência mais negativa veio da atividade de transportes, com queda de 8,7% na comparação com o ano passado. Entre junho e julho, no entanto, os serviços cresceram 0,7%. No comércio, as vendas caíram 0,3% em julho, anulando a alta registrada em junho. Contra julho de 2015, o varejo encolheu 5,3%.
PPI — o governo lançou o Programa de Parceria de Investimentos (PPI), um pacote com 34 ativos destinados à concessão e à privatização. Apesar da participação privada, os recursos públicos vão financiar boa parte do projeto. Esses subsídios no financiamento serão apresentados de maneira explícita.
Reformas — o governo deve adiar o envio da reforma trabalhista para concentrar os esforços no Congresso para a aprovação das mudanças na previdência e na criação dos tetos dos gastos.
Estados em calamidade — um grupo de governadores foi a Brasília em busca de ajuda financeira. O ministro Henrique Meirelles explicou que não há dinheiro para um socorro, e que a União é proibida por lei de emprestar aos estados. Há o risco de 17 estados decretarem calamidade fiscal.
Cármen Lúcia — a ministra assumiu a presidência do STF, em evento com forte defesa ao combate à corrupção. No discurso, repleto de citações a Guimarães Rosa, ela disse que a Justiça precisa ser mais eficiente, do contrário não se estará fazendo Justiça. Cármen vai buscar a aceleração dos processos para melhorar a eficiência, sem que as garantias legais sejam perdidas. Ela condenou o aumento de salário para os ministros, pauta que tinha o apoio do seu antecessor. Cármen lembrou que o reajuste provocará efeito cascata nos estados, consequência grave nesse momento de crise.
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