Chegou a hora de contar tudo!
Não deu certo!
Kleber Mendonça, o diretor de “Aquarius”, o melhor marqueteiro hoje do Brasil, e eu — o segundo melhor — quebramos a cara desta vez. Pô, Kleber, vamos ser sinceros! Ele me pagou uma grana preta pra esculhambá-lo, entenderam? Notem que nem falei mal de “Aquarius”. Falei mal do diretor. Menti que não tinha visto o filme e conclamei os brasileiros a fazer o mesmo.
Verdade é verdade! Sim, eu assisti ao filme. Adorei! Como disse um crítico, Kleber demonstra um “domínio absurdo do cinema”. Nem Bergman era tão “absurdo”. Nem Fellini. Nem John Huston. Kleber é o mais “absurdo” de todos eles.
Ou ainda, como quer outro: Kleber é “necessário”. Quando li “Paraíso Perdido”, pensei: “Ah, eu poderia passar sem isso”. Mas descobri que a vida sem “Aquarius” é uma vida rebaixada, o que o torna, obviamente, “necessário”. Abaixo Milton! Viva Kleber!
Era tudo um arranjo. O pessoal do “Olavistão”, que é um país de paixões primitivas, descobriu faz tempo que eu sou um quinta-coluna dos comunas. Fizemos tudo certinho. Quase dá.
Resolvemos usar a tática “black bloc”, entenderam? É isso! Kleber e eu criamos a tática “black bloc” contra o “blockbuster” da reação neoliberal, conservadora e golpista. Em que consiste?
Ora, em ser agressivo, chutar o saco de todo mundo que tem e que não tem saco, aguardar a reação dos agredidos e depois gritar: “Violência, censura, perseguição!!!” Por pouco a gente não integra a lista dos filmes que concorrem ao Oscar. Já imaginaram? Com o charme do “antigolpismo”? Estava lá até a Sônia Braga, com o cartaz “Fora Temer”, unhas negras e íris cor de mel. Não deu.
Kleber, fica pra próxima! Ok. Minha frase foi até parar no cartaz de propaganda do filme, né? Fico chateado porque isso representa um certo “downgrade” no meu prestígio. Apostei que iam indicar o filme “só pra dar uma lição a essa direita escrota”.
Falhou!
Mas não vou devolver o dinheiro, não!
Klebão, tamo junto! Pegue lá mais uma graninha pública, dos brasileiros trouxas, para as suas próximas parábolas de libertação dos oprimidos e me chame.
Tenho novas ideias para esculhambá-lo.
Abraço, querido!
Rei