O Brasil não pode ficar refém da agenda do atraso. Isso a que se assiste nas ruas, em número inexpressivo quando comparado com o de brasileiros que se manifestaram em favor do impeachment, é expressão do Brasil que olha para trás, do Brasil do atraso, do Brasil da mistificação.
O país tem uma reforma trabalhista para fazer. E não para cortar direitos, mas para conceder direitos a milhões de pessoas que estão na informalidade. A reação do pior sindicalismo a esse debate é, atenção para a expressão, o berro de uma elite sindical, divorciada da esmagadora maioria do povo brasileiro.
O país tem uma reforma da Previdência para fazer. Não! Não é para punir velhinhos. Ao contrário: é para que os idosos do futuro tenham o que receber.
O país tem de atrair capital para a infraestrutura, e isso implica abrir uma nova rodada de privatizações e concessões, sem as quais o dinheiro não chega, e continuaremos mergulhados no atraso.
O país tem de cortar gastos, ou se faz isso, ou não teremos juros a níveis civilizados, que possma permitir o crescimento sustentável do país.
Não se está aqui a falar de uma agenda “progressista”. Não se está aqui a falar de uma agenda “conservadora”. Estamos apenas tratando de matemática. Esta é uma ciência da natureza. Não se gasta o que não se tem. Ou se gasta, já que países não fecham. Mas se produzem, então, inflação, pobreza, desemprego, recessão… Isso tudo que o PT nos deixa como herança.
Quando os gatos-pingados do sr. Guilherme Boulos vão às ruas, ainda que sejam alguns milhares — em número, reitero, irrisório quando se levam em conta o movimento que depôs Dilma e o conjunto dos brasileiros —, eles representam não o país dos desassistidos, não o país dos humilhados, não o país dos pobres.
Ao contrário: eles estão marchando em defesa de um regime que fez a economia brasileira recuar uma década, que nos condenou ao atraso, que elevou a taxa de desemprego a mais de 11%, que espoliou o povo, que quebrou a Petrobras, que nos colocou na retaguarda do crescimento no mundo e na América Latina.
Então cumpre indagar: quem perdeu com isso? Obviamente foram os mais pobres. Quem ganhou com isso? Obviamente foram essas estruturas encarquilhadas de poder.
O sr. Guilherme Boulos, do MTST, marcha com tanta determinação em favor do Velho Regime porque ele e seu movimento eram beneficiários daquela ordem — ou daquela desordem. O mesmo se diga de João Pedro Stedile, do MST, e de Vagner Freitas, da CUT.
O presidente Michel Temer tem um desafio imenso, sim: governar para a maioria do povo brasileiro, não para meia dúzia de petistas e de outros esquerdistas que se alimentaram das tetas oficiais.