Sob o sol forte de Nova York, a ex-primeira dama e ex-secretária de Estado, Hillary Clinton, lançou oficialmente sua pré-candidatura à Presidência dos Estados Unidos neste sábado (13).
Com referências à sua família, em especial à história de superação da mãe, ela tentou vender a imagem de defensora da classe média americana –sua principal plataforma nesta eleição.
"É o pacto básico dos Estados Unidos: se você fizer a sua parte, você tem que poder avançar. E quanto todos fazem a sua parte, o país também avança", disse a uma plateia de centenas de apoiadores reunidos na ilha Franklin D. Roosevelt.
"Esse pacto inspirou diversas gerações de famílias americanas, incluindo a minha."
Logo no início do discurso, Hillary fez menção ao marido, Bill Clinton, e ao presidente Barack Obama –para quem perdeu as primárias democratas em 2008.
Os dois, assim como pensava o ex-presidente Roosevelt (1933-1945), acreditam na ideia de que "a prosperidade real e duradoura tem de ser construída e compartilhada por todos."
Ao mencionar o passado, no entanto, Hillary fez questão de ressaltar que os Estados Unidos enfrentam agora novos desafios.
"Não estamos em 1941, 1993 ou 2009", disse, citando os problemas que a classe média enfrenta ao sair da recessão econômica.
"Você deve estar se perguntando: 'Quando o meu esforço vai ser recompensado? Quando a minha família vai avançar?'. Eu digo: Agora."
"Vocês fizeram o nosso país voltar a crescer, agora é a sua hora. É por isso que estou concorrendo à Presidência", disse, bastante aplaudida.
Ao longo de todo o pronunciamento, Hillary distanciou-se dos pré-candidatos republicanos usando o argumento de que o partido de oposição está focado nos ricos e no passado.
"Eles dizem que o partido tem novas vozes na corrida presidencial, mas todos estão cantando a mesma canção. E ela se chama 'Ontem'", disse.
Hillary é a favorita para levar a nomeação do Partido Democrata para concorrer às eleições em 2016.
O caminho para alcançar a vitória nas primárias, no início do próximo ano, parece bem mais tranquilo para ela do que para seu oponente republicano. No partido de oposição, ao menos dez candidatos devem disputar a vaga.
Hillary precisa vencer a resistência dos americanos aos políticos tradicionais do país e a seu próprio antecessor, Barack Obama, cujo índice de aprovação está em 45%, segundo pesquisa do jornal "The Washington Post".
Além disso, precisa conquistar os eleitores que a veem como uma política de carreira, movida apenas pela ambição.
A preocupação de sua campanha em desfazer essa imagem ficou clara no discurso deste sábado.
Embora tenha ressaltado sua experiência em Washington como senadora, como primeira-dama e como chefe da diplomacia norte-americana, ela tratou de sua relação com a mãe, Dorothy Rodham (morta em 2011), ao longo de todo o discurso.
Abandonada pelos pais, Dorothy trabalhou como doméstica na juventude. "Eu já fui chamada de muitas coisas por muitas pessoas. Desistente não é uma delas. E eu aprendi isso com a minha mãe", disse Hillary.
"Minha mãe me ensinou que todos precisam de uma chance e de um defensor. Ela sabia como era não ter nenhum dos dois", afirmou. "Eu quero ser a sua defensora."
Ela respondeu com bom humor aos que a consideram velha demais para a Casa Branca.
"Todos os nossos presidentes tomam posse muito vigorosos e logo vemos seus cabelos ficarem mais brancos e mais brancos", disse. "Tenho uma vantagem adicional: ninguém verá meu cabelo embranquecer na Casa Branca. Tinjo há muitos anos!", ironizou.
Oponentes do partido Republicano lembram que, aos 69 anos, ela seria a segunda pessoa mais velha a se tornar presidente do país.
"Talvez eu não seja a candidata mais jovem na disputa, mas serei a mais jovem mulher a presidir os Estados Unidos", lembrou, brincando com o fato de que o país nunca elegeu uma mulher. "E serei a primeira avó", afirmou. Sua primeira neta nasceu em setembro.
O único presidente a tomar posse mais velho do que ela pode vir a ser foi Ronald Reagan, eleito em 1980 aos 69 anos.







