segunda-feira, 29 de junho de 2015

Ecos do assalto Lula-Dilma à Petrobras: corte de 37% nos investimentos, que atingem menor nível desde 2008: US$ 130,3 bi

Ramona Ordoñez e Bruno Rosa - O Globo

Estatal informa venda de ativos maior que a prevista e redução das metas de 



A Petrobras enviou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na manhã desta segunda-feira fato relevante contendo o plano de negócios para o período de 2015 a 2019. No documento a empresa informa que vai investir no período US$ 130,3 bilhões, uma redução de 37% em comparação ao plano anterior. É o menor nível atingido pela empresa desde 2008. São US$ 90,3 bilhões a menos que no plano anterior, de 2014-2018, que previa investimentos de US$ 220,6 bilhões. Com isso, as ações da empresa estão em alta na 

A companhia informou que espera alcançar uma produção total de óleo e gás (Brasil e internacional) de 3,7 milhões de barris de óleo equivalente em 2020. O número é 30,2% menor que os 5,3 milhões previstos antes.

Só no Brasil, a produção de petróleo e gás natural sofrerá uma forte redução nos próximos anos em relação ao plano anterior. Para 2020 a produção prevista agora é de 2,8 milhões de barris diários, contra 4,2 milhões previstos anteriormente — uma queda de 33,3%. Já para este ano a produção ficará em 2,1 milhões de barris por dia contra os 2,4 milhões de barris previstos anteriormente.

REDUÇÃO DO ENDIVIDAMENTO ESTÁ ENTRE METAS

A Petrobras destaca que seu plano de negócios para os próximos cinco anos tem o objetivo principal de reduzir o elevado nível de endividamento da companhia. O plano prevê o retorno da alavancagem às seguintes metas: alavancagem líquida inferior a 40% até 2018 e a 35% até 2020, e endividamento líquido/Ebitda inferior a 3,0x até 2018 e a 2,5x até 2020.

Dos US$ 130,3 bilhões que serão investidos de 2015 a 2019, 83%, ou seja, US$ 108,6 bilhões serão aplicados nas áreas de Exploração e Produção, incluindo nesse valor US$ 4,9 bilhões em negócios no exterior.

A área de Abastecimento, que foi um dos maiores focos do caso de corrupção revelados pela Operação Lava-Jato da Polícia Federal, receberá apenas US$ 12,8 bilhões, 10% do total. Está incluída nesses investimentos a alocação de recursos para a área de distribuição. O setor de Gás e Energia terá um total de US$ 6,3 bilhões, 5% do total. Outras áreas ficarão com US$ 2,6 bilhões, 2% dos investimentos totais.

As premissas usadas pela Petrobras para a elaboração do Plano de Negócios foram: preços dos derivados no Brasil com paridade de importação; preço do Brent (médio) a US$ 60 o barril em 2015 e US$ 70 no período 2016-2019; taxa de câmbio (média a US$ 3,10 neste ano, US$ 3,20 em 2016, US$ 3,29 entre os anos 2017 e 2019, e US$ 3,56 em 2020.

LUCRO NO PRIMEIRO TRIMESTRE

Em maio, a Petrobras informou que fechou o primeiro trimestre do ano com um lucro líquido de R$ 5,330 bilhões, uma leve queda de 1% em comparação aos R$ 5,393 bilhões obtidos nos três primeiros meses do ano passado. O resultado veio acima das expectativas do mercado, que projetava números "fracos", entre R$ 2,4 bilhões e R$ 4 bilhões para o período.

A divulgação ocorreu menos de um mês depois de a Petrobras ter divulgado o balanço do terceiro trimestre do ano passado e de todo o ano de 2014, auditado, com cinco meses de atraso, por conta das investigações da Lava-Jato. A companhia registrou no ano passado um prejuízo de R$ 21,587 bilhões, o primeiro resultado negativo desde 1991.

O quarto trimestre de 2014, quando houve prejuízo de R$ 26 bilhões, foi especialmente afetado pelas baixas contábeis relacionadas à má gestão e as práticas de corrupção apontadas pela PF. No primeiro trimestre de 2015, não houve esse efeito Lava-Jato.