O Globo
Novo tributo, defendido pela oposição, pode cancelar planos de Angelina Jolie de se mudar para Londres

LONDRES - Uma proposta defendida pelos partidos de oposição no Reino Unido preocupa os milionários londrinos: um imposto especial sobre mansões. Presente no programa eleitoral do Partido Trabalhista e do Liberal Democrata, o projeto prevê tributação sobre residências com valor de mercado superior a 2 milhões de libras (cerca de R$ 7,9 milhões). A possibilidade da taxação vem sendo criticada por estrelas londrinas e, mais recentemente, pela atriz americana Angelina Jolie.
Com planos de estabelecer residência na capital britânica, Jolie disse na terça-feira que o novo imposto poderia esfriar seus planos de mudança. Em entrevista a uma TV local, a atriz disse que era “encantada” por Londres, mas que o projeto de lei era um ponto negativo.
— Morei aqui antes e, no futuro, penso que seria realmente legal me firmar aqui para trabalhar — afirmou Angelina Jolie, na cidade para promover seu novo filme, “Unbroken”. — Sou bem responsável em relação ao dinheiro. Isso (o imposto sobre mansões) poderia me tirar dessa ideia — disse ela, segundo o jornal “The Guardian”.
A atriz não é a única a temer o novo imposto. O humorista Gryff Rhys Jones, além da cantora e apresentadora Myleene Klass, uma das celebridades mais ricas do Reino Unido, também se manifestaram se manifestaram contra o projeto. Segundo cálculos do jornal “Financial Times”, o novo imposto faria com que proprietários de mansões com valores entre 2 e 3 milhões de libras pagariam cerca de 3 mil libras (R$ 11 mil) por ano. Já as propriedades mais caras teriam taxação de até 19 mil libras (R$ 75 mil) anuais, já que o tributo é progressivo. O dinheiro seria revertido ao NHS, sistema público de saúde.
O projeto prevê que quem tem baixa renda, mas cuja casa tenha se multiplicado nos últimos anos, fique isento da tributação. Estima-se que a fortuna de Angelina Jolie e Brad Pitt seja de cerca US$ 400 milhões, de acordo com o jornal “El País”.
O imposto, defendido principalmente pelo trabalhista Ed Bills, mas também presente na plataforma do liberal democrata Nick Clegg (com mais chances de ser eleito), também é criticado pela imprensa britânica. O principal argumento é que o novo tributo não significa uma reforma mais profunda sobre o sistema de impostos sobre imóveis, considerado ultrapassado.
Em um estudo publicado em fevereiro, o Instituto para Estudos Fiscais (IFS, na sigla em inglês) disse que o imposto sobre mansões tinha lógica, mas era mal direcionada, segundo reportagem da BBC publicada em outubro.
“Em vez de adicionar um imposto sobre mansões em cima de um sistema de tributação deficiente, seria melhor reformar o próprio sistema para torná-lo proporcional aos valores atuais”, disse o estudo.