Ministério da Cultura, que autorizou captação de financiamento para filme sobre Brizola em ano eleitoral, nega o mesmo para documentário sobre Covas porque neste ano haverá eleições
Blog Ricardo Setti - Veja
A justificativa do Ministério para a recusa da captação dos 580 mil reais em que está orçado o filme — certamente menos do que a comitiva da presidente Dilma gastou na famosa escala em Lisboa –, é de que o pedido “foi apresentado em ano eleitoral e não seria prudente dar prosseguimento a aprovação, haja vista o caráter político-partidário do projeto”.
O senador Aloysio, porém, em seu requerimento, lembra que, em 2006, também ano eleitoral — ano em que Lula foi reeleito e foram escolhidos 27 governadores, todos os deputados e um terço dos 81 senadores, além de todos os deputados estaduais –, o documentário Brizola – Tempos de Luta, em que o diretor Tabajara Ruas traça a vida política do ex-governador Leonel Brizola, foi autorizado a recolher 592 mil reais exatamente via Lei Rouanet. O filme sobre Brizola foi lançado no ano seguinte, 2007.
Não custa lembrar que este governo se intitula “popular e democrático”, e que Marta Suplicy, a ministra, se dizia “amiga” de Covas. Imaginemos se não fosse…
No requerimento, Aloysio quer ter acesso à cópia do processo que negou o patrocínio ao filme sobre Covas e saber a fundamentação legal para a decisão, via pareceres técnicos e jurídicos, além de solicitar cópia do processo administrativo que autorizou a captação de financiamento para Brizola — Tempos de Luta.
O governo jamais divulgou os gastos exatos da “escala obrigatória” que Dilma fez em janeiro, em Lisboa, ao voltar de Davos, na Suíça, onde participou do Fórum Econômico Mundial, com uma passagem por Cuba.
Mas, considerando-se que apenas diária da suíte ocupada pela presidente custou o equivalente a 26 mil reais, que a comitiva ocupou 45 apartamentos em dois dos hotéis mais caros da cidade, somados ao valor dispendido em refeições, gorjetas, deslocamentos de táxi e mais as despesas da parada do avião presidencial no Aeroporto da Portela, tem-se, aí, até mais do que o orçamento do documentário sobre Covas.