sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Augusto Nunes: É dura a vida de jornalista estatizado

Velha mídia a soldo do 'cartel Lula-STF' - Arquivo

As acrobacias mentais dos que tentam defender o indefensável 

Desde a volta ao local do crime do partido que virou bando, jornalistas estatizados pareciam não ter motivos para queixar-se da vida. Graças à dinheirama derramada pela Secom, quem exerce esse brasileiríssimo ofício ganha um bom salário e desfruta de estabilidade no emprego. Figurões que sabem das coisas estão sempre ao alcance do celular, permanecem abertas as portas dos gabinetes bem informados. 

No fim do ano, o valor dos presentes ultrapassa com folga o 13º salário. Nenhum deles precisa ter medo de cadeia, nem refugiar-se no banheiro ao topar com Alexandre de Moraes numa festa em Brasília. Faz cinco anos que o chefão do Supremo Tribunal Federal vem prendendo e arrebentando, mas todos os punidos estão num lado só. 

O perigo mora na extrema direita. E apenas lá, porque todas as ramificações da esquerda criaram juízo, apaixonaram-se perdidamente pelo regime democrático e hoje formam um bloco só. Os extremistas sumiram — incluídos os radicais de nascença. (Não há diferenças, por exemplo, entre o ex-comunista Flávio Dino e o ex-carola Geraldo Alckmin. Os dois esbanjam graça e harmonia requebrando na Ala dos Convertidos da Terceira Idade.) 

Jornalistas estatizados aprendem a engolir sem engasgos sapos de bom tamanho, e com a animação de quem saboreia o prato predileto. “O BRASIL VOLTOU”, garantiram colunas e editoriais de publicações. É dura a vida de jornalista estatizado. 

Analistas renomados avisaram que o país reduzido a pária internacional por Jair Bolsonaro não demoraria a reassumir o papel de conselheiro do mundo. Vários deles repetiram que um corrupto condenado por nove juízes de três diferentes instâncias fora resgatado da cadeia para sepultar a polarização e restabelecer a normalidade política. 

Lula ganhou o desprezo das nações civilizadas ao ajoelhar-se diante da Rússia e da China, hostilizar a Ucrânia e aliar-se aos terroristas do Hamas. 

Nada de mais, reiteraram colunistas desprovidos do sentimento da vergonha, com doutorado em rendições desonrosas. Foi assim até que este inverno de 2024 chegou. Ao endossar a farsa eleitoral que manteve no poder o ditador Nicolás Maduro, Lula descobriu que mesmo um pusilânime vocacional é incapaz de piruetas tão cafajestes. 

Como justificar o silêncio covarde de Lula ao ouvir o amigo ditador prescrever-lhe um chá de camomila, para poupar-se de preocupações com assuntos internos da pátria de Bolívar? Como enxergar um governante respeitável no presidente que não deu um pio em resposta às afrontas produzidas pelo nicaraguense Daniel Ortega? 


Quem acredita nessa dupla medonha? - Arquivo

Levados às cordas pela política externa da canalhice, muitos jornalistas amestrados esperaram que o desempenho do artista se tornasse menos deprimente. Foram obrigados a retomar a missão de explicar o inexplicável pelas turbulências registradas na primeira semana de setembro. 

Enquanto ocupou a Presidência, Bolsonaro foi responsabilizado por todos os desmatamentos, todos os incêndios, todas as mortes de indígenas, todos os garimpos irregulares, todas as extinções de alguma espécie, fora o resto. Fogo no Pantanal? Coisa de Bolsonaro. Um jornalista estrangeiro assassinado na selva? Culpa de Bolsonaro. Na primeira semana de setembro, a imprensa a favor descobriu que já não poderia culpar o ex-presidente pelo que o ministro Flávio Dino qualificou de “pandemia de incêndios”.

O jeito foi fingir que as mudanças ambientais são coisa recente, garantir que a Amazônia e o Pantanal não vão acabar e apressar o parto de uma certa Autoridade Climática. Toda a imprensa lulista preferiu passar ao largo do claro enigma. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima é Marina Silva. Ela mesma: a Madre Teresa da Amazônia, a Protetora da Floresta, a Padroeira das Tribos Isoladas. Por que criar com tanto açodamento esse filhote da Autoridade Olímpica, mãe dos Jogos da Ladroagem realizados no Rio em 2016? Milhões de brasileiros inconformados com a ditadura do Judiciário perderam o medo de vez. 

O povo assumiu de vez o controle das ruas, reivindica o impeachment de Alexandre de Moraes e exige que os presos políticos sejam anistiados Neste 6 de setembro, tornou-se público o que sabiam nove em cada dez figurões federais: enquanto esteve homiziado no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida bateu o recorde brasileiro de assédios sexuais. Os alvos do conquistador de galinheiro incluíram Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial por ser irmã de Marielle Franco.

Demitido pelo chefe, Almeida declarou-se vítima de racismo. A chegada do 7 de Setembro confinou o caso em alguns centímetros das páginas internas. Sorte dos jornalistas estatizados, que fingiram esquecê-lo. O espaço foi expropriado pelas manifestações em São Paulo e Brasília. Azar dos jornalistas arrendados. 

De novo, o Brasil que pensa e presta constatou que gente assim jamais aprenderá que brigar com fatos é a luta mais vã. Fotografias gritavam que os espectadores do desfile militar em Brasília caberiam no palanque. Recenseadores clandestinos, prontamente endossados pela imprensa velha, decidiram que a plateia somara 30 mil viventes. Na Avenida Paulista, a imensidão de manifestantes se estendeu por várias quadras. O departamento de malandragem estatística da USP não viu mais que “45 mil bolsonaristas”. Quem não sofre de estrabismo cafajeste viu mais que uma imensidão de gente.

Enxergou a verdade: milhões de brasileiros inconformados com a ditadura do Judiciário perderam o medo de vez. O povo assumiu de vez o controle das ruas, reivindica o impeachment de Alexandre de Moraes e exige que os presos políticos sejam anistiados. Editores alugados destacaram, previsivelmente, o promíscuo churrasco oferecido por Lula aos parceiros de palanque. Um deles disse a um repórter do Estadão que os convivas debocharam do ato de protesto que logo começaria em São Paulo, que Alexandre de Moraes esbanjava bom humor e que sorriu ao ser alertado para as palavras de ordem hostis que começariam a ecoar na avenida em poucos minutos. 

O Supremo Carcereiro reiterou que não tem medo das coisas que dizem dele. Se tivesse acompanhado numa janela da Paulista a manifestação portentosa, descobriria que incontáveis brasileiros tampouco têm respeito por um ministro que diz uma coisa dessas. 

O povo brasileiro está sendo visto aos olhos do mundo como um povo que está lutando pelos seus direitos constitucionais. A liberdade está sendo “cuidadosamente”removida da sociedade, para dar espaço a tirania. O único modo de defender a nossa própria existência e lidar com esse mundo sem liberdades e tirânico é lutar, se manifestar incansavelmente para nos tornarmos livres. O povo brasileiro está mostrando mais uma vez que mesmo diante das perseguições e ameaças, a coragem e a dignidade imperam. 

Assine ou cadastre gratuitamente para comentar democracia e pelo Estado de Direito é a maior expressão de um país Republicano, que se levanta contra as decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal, contra a hegemonia nos poderes e contra o abuso de poder - que ordena prisões ilegais causando a morte de inocentes e que ordena a censura, que causa a morte virtual de milhões de pessoas. 

Os poderes temem o povo unido, se dobrarem a aposta usando a tirania é sinal que o povo está no caminho certo, a cada ato tirânico o poder emanado pelo povo será ainda maior. É hora de unir-se e focar naquilo que realmente importa: A nossa liberdade! 


Com Revista Oeste