terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Dólar fecha a R$ 5,27, no menor valor desde 16 de setembro; Bolsa tem maior nível desde outubro

Ibovespa fechou em alta de quase 1%, aos 113,2 mil pontos; para especialistas, recuo do dólar no exterior e expectativa por reajuste da Selic explicam fôlego do real


Na mínima do dia, o dólar bateu em R$ 5,2688. Moeda fechou com quarta queda consecutiva. Foto: José Patrício/Estadão

Em dia pré-Comitê de Política Monetária (Copom), que deverá trazer novo reajuste da taxa Selic, o dólar emendou sua quarta queda consecutiva e fechou em baixa de 0,62%, cotado a R$ 5,2728 nesta terça-feira, 1, no menor valor desde 16 de setembro. O recuo da moeda no exterior também ajuda a dar fôlego ao real. No mercado acionário, a Bolsa brasileira (B3) subiu 0,97%, aos 113.228,31 pontos, no maior nível desde 18 de outubro.

Na mínima do dia, o dólar bateu em R$ 5,2688, queda de 0,70%. No exterior, o índice DXY, que mede a força da moeda americana frente a uma cesta de moedas de países ricos, como euro, libra e iene, caía 0,3%. Profissionais do mercado de câmbio avaliam que a queda do dólar no exterior apoia a continuidade do movimento de desmontagem parcial de posições que ganham com a queda do real, com impacto no dólar à vista.

Esse movimento é conduzido principalmente por investidores estrangeiros e tem como pano de fundo as expectativas de novos ingressos de fluxo de recursos estrangeiros no País para a renda fixa e a Bolsa, em meio a perspectivas de alta da Selic amanhã e possível alongamento do ciclo de aperto monetário no Brasil por causa da inflação resistente, avalia o  diretor Jefferson Rugik, da corretora Correparti.

O Copom deve subir a Selic em 1,5 ponto porcentual, a 10,75% ao ano, e a expectativa é de que o Banco Central poderá deixar em aberto o ritmo de novas altas do juro básico, diante do cenário desafiador com a inflação espalhada em vários itens do IPCA-15, o que indica que o cenário não deve mudar nos próximos meses. Hoje, o Bradesco passou a prever uma Selic mais forte, com pico de 12,25% ao longo de 2022, mas encerrando o ano em 11,75%

"A inflação de serviços tende a continuar alta. E se o Copom continuar com mensagem dura no seu comunicado por incomodo com inflação, o mercado vai continuar precificando juros mais altos, e poderá atrair mais fluxo de estrangeiros para o Brasil", comenta o  estrategista Gustavo Cruz, da RB Investimentos.

Para Josias de Matos, especialista em finanças da Toro Investimentos, os indicadores divulgados após o aumento da Selic em dezembro corroboram a expectativa de elevação da Selic em 1,50 ponto porcentual amanhã pelo Copom. "Não esperamos surpresa quanto à decisão em si", diz. No entanto, afirma Matos, o mercado ficará de olho no comunicado do Banco Central a fim de entender qual a visão da autoridade monetária sobre os indicadores. "Precisa entender qual é a visão do BC, que tem informação que o mercado não tem, e qual a perspectiva de aumento de juros", cita.

No mercado acionário,  a expectativa é de que a Selic mais alta atraia ainda mais recursos para o mercado de renda variável. Aliás, este tem sido o norteador do Ibovespa, especialmente os recursos externos. Na máxima do dia, o índice foi aos 113.302,13 pontos. As Bolsas de Nova York também subiram hoje, ainda que em ritmo menor: o Dow Jones teve alta de 0,77%, o S&P 500, de 0,68% e o Nasdaq, de 0,75%.

Para a Capital Economics, aliás, o bom desempenho dos mercados de ações de emergentes em janeiro, em comparação com os dos Estados Unidos - em especial nas economias focadas em commodities, como Brasil e Arábia Saudita - deve continuar nos próximos meses.

Nesta última hora, destaque às revisões de projeções da economia do País. O Bradesco passou a ver uma atividade mais fraca este ano e a projeção de Produto Interno Bruto (PIB) passou de 0,8% para 0,5%. Em relatório, o banco afirma que os impactos de problemas climáticos sobre a safra de grãos esperada para o ano devem reduzir a contribuição positiva da agropecuária para a economia.

Também no Credit, o secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da EconomiaEsteves Colnago, avaliou que a criação de um fundo de estabilização para conter a alta dos preço dos combustíveis dificilmente funcionaria, além de ter um custo muito elevado para a União.

O presidente do SenadoRodrigo Pacheco (PSD-MG), disse a interlocutores ouvidos pelo Estadão/Broadcast que aceita pautar a PEC dos combustíveis este mês. Porém, Pacheco quer uma análise dos efeitos para o consumidor final e também para os Estados, que resistem a mexer na cobrança do ICMS. Já o presidente da CâmaraArthur Lira (PP-AL), disse ontem à noite que a PEC dos combustíveis terá foco no diesel.

O Estado de S.Paulo