Médico foi pioneiro no uso de corticoides para combater covid-19 e aponta que o pior já passou
E se você descobrisse que não é mais preciso viver com o medo de pegar coronavírus e morrer da doença? Desde março, o imunologista Roberto Zeballos trabalha exatamente nessa direção. “Essa pandemia tem começo, meio e fim”, afirmou ele em entrevista ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan dessa segunda-feira, 24.
O médico, que atende no Hospital Israelita Albert Einstein e tratou o apresentador do programa, Emílio Zurita, ainda em março já falava em tratar pacientes diagnosticados com a covid-19 com o uso de corticoides. Entretanto, o protocolo só foi adotado pela maioria dos hospitais no mundo em junho, depois que a Universidade de Oxford liberou uma pesquisa em que apontava a dexametasona como tratamento para casos graves da doença.
Com a formulação do protocolo, o especialista conseguiu ajudar a conter o avanço desenfreado da pandemia no Estado do Pará. Em entrevista à jornalista Leda Nagle, Zeballos contou que, com as UTIs tomadas, muitas pessoas rodavam horas sem conseguir atendimento, correndo o risco de morrer dentro dos carros. As equipes dos hospitais locais acabaram por contatá-lo, na tentativa de achar uma solução para o problema. Zeballos sugeriu que o corticoide fosse receitado por via oral a 324 pacientes e que eles recebessem atendimento domiciliar. Apenas um não sobreviveu.
Contudo, o médico vai além. Para ele, o confinamento deveria ter durado apenas 21 dias. Depois, somente grupos de risco deveriam se manter em casa. “O confinamento prolongado se mostrou nocivo”, destaca. “O isolamento não é para não pegar [o vírus], é para evitar o colapso [do sistema de saúde]”.
O “novo velho” normal
De acordo com o imunologista, da forma como a pandemia foi tratada, muitas pessoas não morreram “de covid-19, mas pela covid-19, porque sumiram as outras doenças”, que deixaram de ser tratadas adequadamente. Entre elas, a depressão de quem foi impedido de sair de casa por meses.
Roberto Zeballos também lembra um dado que praticamente nenhum veículo de comunicação mostra: “85% das pessoas não desenvolvem nenhum sintoma da doença, 10% têm sintomas leves e só 5% têm algo mais grave, como uma infecção pulmonar, por exemplo”.
O imunologista afirma categoricamente que a pandemia está indo embora do país: “Em São Paulo, por exemplo, após a abertura, os números continuaram em queda”. Ele também diz que o “novo normal vai ser o velho normal” e que isso é perceptível em países como a China e a Itália, onde a pandemia já arrefeceu e as pessoas voltaram a levar a vida como antes, sem grandes preocupações.
Mas e quanto aos alertas da Organização Mundial da Saúde? “A OMS voltou tanto atrás que perdeu a credibilidade”, lamenta Zeballos, que afirma que a entidade precisaria passar por uma reformulação profunda para voltar a ter representatividade real.
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Roberta Ramos, Revista Oeste