quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Após facção do Senado derrubar veto sobre reajuste de 'servidores', dólar vai a R$ 5,65

 O dólarque abriu as negociações desta quinta-feira, 20, em forte alta, de cerca de 1,6%, cotado a R$ 5,61, foi ganhando força ao longo da manhã e atingiu R$ 5,65, na máxima do dia por enquanto. A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, tem queda superior a 1,5%, perdendo o patamar de 100 mil pontos.  

Dólar
Dólar Foto: Reuters

A tensão na moeda americana e no Ibovespa começou depois de o Senado derrubar o veto presidencial no fim da tarde de quanta-feira, 19, ampliando o estresse no fechamento do mercado futuro. Se a decisão dos deputados, em votação na Câmara, for a mesma dos senadores, pode sustentar a dúvida entre operadores e analistas do mercado sobre a o futuro do ministro Paulo Guedes (Economia) no governo e da agenda liberal de Bolsonaro.

Além disso, a escalada à casa de R$ 5,65 se deu após declarações de Bolsonaroem que, segundo ele, não é possível "governar um País se derrubada do veto for mantida na Câmara". O presidente afirmou ainda que "é responsabilidade de todo mundo ajudar o Brasil a sair do buraco".

De acordo com o estrategista Jefferson Laatus, o cenário local se soma às tensões externas. "O local pesa mais, e há uma soma do exterior ruim e o cenário fiscal super preocupante no Brasil, após o Senado ter derrubado ontem à tarde o veto a reajustes para algumas categorias de servidores públicos até o fim de 2021 e também do presidente ter sinalizado a extensão do auxilio emergencial até dezembro e de Guedes (Paulo, ministro da Economia) ter visto 'crime' e afirmado que o Senado deu 'péssimo sinal'", fala. No cenário externo, contribui para a alta da moeda uma queda generalizada nos mercados internacionais, provocada, principalmente, pelos cenários pessimistas dos bancos centrais da China, o PBOC, e dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed)

Essa é a primeira vez que a moeda americana ultrapassa R$ 5,60 desde o dia 22 de maio deste ano, quando atingiu R$ 5,6251, na máxima durante as negociações. Na semana do dia 22, inclusive, a cotação ficou oscilando em patamares bem elevados, entre R$ 5,53 e R$ 5,80. Na semana anterior, em 14 de maio, o recorde nominal havia sido atingido, quando não se desconta a inflação: R$ 5,9718. Depois isso, o câmbio chegou a ficar abaixo de R$ 4,90, mas, nas últimas semanas, vinha se estabilizando em torno de R$ 5,50. 

O dólar acumula variação superior a 40% em 2020. No início do ano, a cotação estava em R$ 4. 

Nas casas de câmbio, de acordo com levantamento realizado pelo Estadão/Broadcast, o dólar turismo é negociado próximo de R$ 5,80. 


Silvana Rocha e Felipe Siqueira, O Estado de São Paulo