terça-feira, 28 de julho de 2020

Por que a Bolsa tende a subir no longo prazo

Começo com a qualificação de como se mede alta ou baixa na Bolsa, que é o índice de ações Ibovespa.

Esse índice é revisto em intervalos regulares, de forma a abandonar as ações menos representativas, ficando sempre com aquelas que melhor representam a movimentação no momento da revisão. E inclui a ponderação do peso com que são negociadas.

Ou seja, o Ibovespa acompanha as ações mais bem-sucedidas na visão dos investidores. Isso, por si só, logicamente, já daria ao índice uma trajetória de alta.

Ainda assim, se vivêssemos num mundo em que as recessões fossem mais acentuadas do que as expansões, isso de alguma maneira estaria refletido neste índice.

O fato é que a natureza humana impulsiona sempre o mundo para um crescimento do bem-estar social, seja qual for a maneira com que ele seja medido.

Tradicionalmente, a expansão do PIB tem sido essa maneira de medir. Mas creio que, com o avanço da visão ESG, novas e melhores formas deverão ser encontradas. No mínimo, um “PIB aperfeiçoado”.

Toda essa divagação para fundamentar que os investimentos em Bolsa, se razoavelmente escolhidos, tendem a ter um bom vetor de alta no longo prazo.

A razão do “se razoavelmente escolhidos” é apenas para pontuar que sempre haverá empresas que vão quebrar, desaparecer etc.

A pandemia que estamos vivendo é, na minha opinião, um momento de grande mudança na economia. Alguns setores sofrerão muito por um tempo, mas, se sobreviverem, poderão se recuperar; outros terão até expansão de atividade.

Essas diferenças vão ficando mais claras à medida que nos acostumamos com o “novo normal”, porém ainda carregam muitas zonas cinzentas.

Portanto, a premissa “se razoavelmente escolhidas” deve um ser reforçada neste momento.

Importante também ter em vista que, em muitos setores que retornarão à normalidade mais cedo, o ambiente concorrencial deverá ser facilitado pelo desaparecimento de pequenas e médias empresas, o que facilitará o aumento do market share das outras.

Lembro que a Bolsa tem menos de 400 empresas, em geral as maiores e melhores de suas áreas de atuação. A sobrevivência dessas é certamente muito mais provável do que a das companhias fechadas, no geral.

E bem-vindos aqueles que estão entrando agora no mundo da renda variável. Só um conselho: “Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”.