A ideia: a força predominante do bem, que sempre vence, de um jeito ou de outro.
No Brasil do STF, a coisa funciona assim, como um filme de quinta, com roteiro óbvio e atores que nunca mudam.
Só que invertido, para dar mais graça à coisa, que na verdade de engraçado não tem nada.
O mal, no filme mequetrefe do STF, sempre vence.
Senão vejamos: o ministro Dias Toffoli - aquele mesmo que foi advogado do PT - acaba de livrar a cara do governador do Rio de Janeiro no processo movido pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro que pedia seu impeachment.
Toffoli substitui Fux, que deveria tomar a decisão no caso.
As acusações contra Witzel - que levaram ao pedido de impeachment - não são nada de novo nem de inédito em se tratando de governadores brasileiros: desvios de recursos públicos destinados ao combate ao vírus chinês, o parceirão covid.
Quem investigou Witzel foi a PF, na Operação Placebo.
Toffoli acaba de aceitar, a um dia do final do prazo dado à defesa do governador para apresentar a defesa, uma alegação do governador de que a comissão especial da Alerj era irregular e não atendia os ritos de... Não importa, na verdade.
A decisão de Toffoli, que salva Witzel do cadafalso do impeachment no último momento, além disso determina que seja formada nova comissão mais – digamos - alinhada com os interesses comuns dos parceiros envolvidos.
Ou, para ser mais óbvio, uma comissão que proteja o governador e deixe claro que, no país do STF existe um tipo especial de personagem: o impune, jamais condenado por coisa alguma.
A parceiragem entre os ministros da capa preta e os governadores também não é nada de novo, como se viu durante os últimos quatro meses, onde os togados fizeram o possível e o impossível para transferir o poder legal do Poder Executivo federal para as mãos de governadores como Witzel, Dória ou Mateus.
O resultado se sabe: uma orgia de gastos injustificados em compras fantasmas ou de material inútil, como a de testes e respiradores da China para o covid.
Muita gente se lambuzando e nada de responsáveis.
A decisão de Toffoli leva o processo contra Witzel de volta à estaca zero.
Witzel é um daqueles políticos que acabou se elegendo na onda de Bolsonaro, e define a si próprio como ‘um pilar do combate à corrupção’.
Nada mais justo, no roteiro invertido criado pelo STF, onde nada vale mais -nem a própria Constituição- do que os interesses dos ‘pilares’ envolvidos.
Witzel, depois de usar Bolsonaro para se eleger o abandonou, como muitos.
Tem lá suas razões, e também como muitos imaginou que o vírus parceiro seria uma ótima oportunidade para destruir a imagem do presidente eleito e garantir para si próprio uma candidatura à presidência.
Percebe agora, como outros governadores, que não deu lá muito certo: Bolsonaro continua firme, agindo estritamente dentro dos preceitos constitucionais e contando com o apoio do povo, como sempre.
Só lhe resta, portanto, atuar no filme vagabundo que os brasileiros são obrigados a assistir todo santo dia e se defender de acusações de roubalheiras e desvios.
Nesse filme o bandido sempre ganha.
E quem paga o ingresso é o povo.
Marco Angeli Full
https://www.marcoangeli.com.br
Artista plástico, publicitário e diretor de criação.