terça-feira, 28 de julho de 2020

Contas externas melhoram em junho

As estatísticas das contas externas brasileiras mostram sinais de melhora em junho, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira (28), mas ainda em patamares inferiores a antes da crise gerada pela pandemia provocada pelo víros chinês. Em junho, após quatro meses de resultados negativos, os investimentos no mercado doméstico tiveram entradas líquidos de US$ 2,4 bilhões. Destes, US$ 1,9 bilhão foram aplicados em títulos de dívida e US$ 432 milhões em ações e fundos de investimento. A crise, iniciada em meados de março, no entanto, fez com que os investimentos despencassem nos valores acumulados. Nos seis primeiros meses de 2020, houve saídas líquidas de US$ 31,3 bilhões. Nos doze meses até junho, a saída líquida de investimento em portfólio no mercado doméstico somou US$ 47,9 bilhões. Em junho, as entradas superaram as saídas de investimentos diretos no país em US$ 4,8 bilhões, quase o dobro do registrado em maio. No mês, foram R$ 10,3 bilhões investidos no Brasil, nível semelhante ao observado em março. Em abril, as aplicações no país chegaram a R$ 5,6 bilhões. O indicador representa uma das principais fontes de financiamento da atividade no país e é a categoria de investimento de maior destaque no relacionamento econômico e financeiro do Brasil com o resto do mundo. Em junho, ainda sob forte efeito da crise, os investimentos diretos de brasileiros no exterior mantiveram a tendência observada desde março, com desinvestimentos de US$ 2,9 bilhões. O desinvestimento é quando a empresa brasileira retira dinheiro ou fecha as portas da filial no exterior, por exemplo. Os gastos de brasileiros com viagens internacionais, uma das contas mais impactadas pela pandemia e pela alta do dólar, com redução de quase 90% de janeiro a maio, apresentou melhora em junho, mas continua em níveis bem inferiores ao anterior à pandemia. No período, os turistas gastaram R$ 230,2 milhões lá fora, 19,7% a mais que em maio. Em janeiro, foram R$ 1,43 bilhões. Os valores gastos por estrangeiros no Brasil também tiveram alta e junho. Com R$ 167,3 milhões, aumentaram em 47,7% na comparação com maio. No mês, com a baixa atividade econômica, as contas externas tiveram resultado positivo pelo quarto mês consecutivo, com US$ 2,2 bilhões. No mesmo mês do ano passado, eram US$ 2,7 bilhões negativos. 1 10 Entenda o que aconteceu na economia brasileira com a crise do vírus chinês. A crise diminuiu o fluxo comercial do país com o mundo, e, com isso, a balança comercial apresentou superávit (mais exportações que importações). Na prática, tanto as exportações quanto as importações diminuíram com a crise, mas a redução no fluxo de entrada de produtos estrangeiros no país foi mais drástica. As exportações US$ 18 bilhões em junho, recuo de 2,3% em relação ao mês correspondente de 2019. Já as importações diminuíram 19,1%, para US$ 11,1 bilhões. Na comparação entre os primeiros semestres de 2020 e de 2019, as exportações reduziram 6,8% e as importações recuaram 5%. Assim, o superávit comercial na primeira metade de 2020 alcançou US$ 19,3 bilhões, redução de 13,8% em relação ao mesmo período do ano passado. A balança comercial tradicionalmente apresenta superávit em momentos de baixa atividade doméstica (o país importa mais nas épocas de expansão). O déficit em transações correntes no primeiro semestre de 2020 somou US$ 9,7 bilhões, recuo de 53,6% em relação aos US$ 21,0 bilhões registrados no período correspondente de 2019 Larissa Garcia, Folha de SãoPaulo