quarta-feira, 1 de julho de 2020

Com MP de Bolsonaro no bolso, Flamengo puxa a fila para nova era dos direitos de transmissões de jogos

O Flamengo pode abrir caminho nesta quarta-feira para uma nova era nos direitos de transmissões de jogos de futebol no Brasil. Com a MP 984/2020 assinada pelo presidente Jair Bolsonaro no bolso, o time de maior torcida no País e que faturou R$ 1 bilhão na temporada passada, vai quebrar todos os acordos que tem com a Rede Globo para mostrar por conta própria partida contra o Boavista no seu canal de streaming, o Youtube. 
A emissora recorre na Justiça para impedir isso. Seu argumento é que tem os direitos de transmissão do Campeonato Carioca assinado. O Flamengo alega que não entrou em acordo com a Globo, portanto, não assinou nada neste torneio. 
O jogo será 21h30.
A MP de Bolsonaro, costurada pelo próprio Flamengo em Brasília, dá aos times mandantes o direito de vender ele próprio a transmissão da partida. Vender para quem quiser em qual plataforma quiser. MP vale até o fim do ano em função da pandemia. Mas pode ser esticada por mais tempo, ou refeita nas mesmas condições. As emissoras de TV e outras plataformas alegam que ela não tem validade porque os torneios já foram vendidos antes. Há contratos nesse sentido. O Flamengo e alguns outros clubes entendem de forma diferente.
Ocorre, como quase tudo no Brasil, que não há consenso tampouco uma conversa em bloco dos times para acertar isso. Cada um vai por um caminho. O Flamengo toma essa frente e outros vão esperar para ver o que vai dar. É fato também que os clubes dependem do dinheiro de TV, seja da Globo ou Turner, no Brasileirão. Enfrentar as emissoras nunca foi um caminho para o futebol brasileiro. Pelo contrário. Os clubes sempre se mostraram “cordeirinhos” em relação aos direitos de TV dos jogos. Em muitos casos tiveram dinheiro adiantado e isso sempre os fez reféns.
O Flamengo abre uma perspectiva nova. 

Robson Morelli, O Estado de São Paulo