RIAD - Após a viagem do presidente Jair Bolsonaro à Arábia Saudita, o fundo soberano do país decidiu investir US$ 10 bilhões no Brasil. O anúncio foi feito pelo chanceler Ernesto Araújo e pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, nesta terça-feira, 29. Mais cedo, Bolsonaro se reuniu com príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. Ele também participa de um jantar oferecido pelo governante saudita.
Os setores beneficiados pelos investimentos serão definidos em "comum acordo" pelos dois países, de acordo com Araújo. "Isso é o resultado desse empenho diplomático do presidente, da nossa visita, da relação que estamos contribuindo com a Arábia Saudita e todo o mundo árabe", disse o chanceler.
Segundo Lorenzoni, não houve solicitação de contrapartida. Os investimentos, afirmou, serão feitos em até três anos. "Eles acreditam no Brasil. Todos os países têm plataformas de estratégias globais", disse. "O Brasil tem uma relação longa com eles, fundamentada na segurança alimentar. Indústrias brasileiras estão se preparando para se instalar aqui nesta área e eles desejam também acessar a América Latina a partir do Brasil."
Ele citou a possibilidade de investimento em ferrovias, como a Ferrogrão. "Nós temos, por exemplo, um grande interesse na Ferrogrão, e há uma grande possibilidade de que eles construam uma ferrovia importantíssima para o Brasil, de Mato Grosso ao Pará. São praticamente 1 mil km de ferrovia, com custo estimado em mais de $ 3 bilhões", disse.
O fundo soberano saudita já investiu em outros cinco países. "Na medida em que um fundo soberano da relevância da Arábia Saudita toma essa decisão, isso vai facilitar e sinalizar para outros países também tomarem essa decisão e acreditarem fortemente no Brasil", disse Lorenzoni.
O ministro da Casa Civil afirmou ainda que o Brasil se reuniu com os fundos que investem na área agrícola. "Eles estão muito satisfeitos. Desejam, inclusive, que mais indústrias brasileiras se estabeleçam aqui. É dessa maneira, algumas dificuldades que havia, nós temos a promessa da superação muito rápida dessas dificuldades, porque eles têm todo o interesse em que empresas brasileiras também venham para cá diversificar a própria economia deles."
Julia Lindner e Leticia Pakulski, O Estado de São Paulo