terça-feira, 24 de setembro de 2019

Bolsa cai a 103.875 pontos.com atraso na reforma da Previdência. Atraso provocado por Alcolumbre e comparsas, integrantes da 'lista' da Odebrecht

Segundo analistas do mercado financeiro, o adiamento da votação do primeiro turno da reforma da Previdência no Senado é a principal causa do recuo da Bolsa brasileira desta terça-feira (24). O Ibovespa fechou em queda de 0,7%, a 103.875 pontos.
Plenário do Senado Federal
Para analistas, o discurso de Bolsonaro não pesou na cotação do dólar ou no desempenho da Bolsa, que reagiram ao adiamento da votação da Previdência no Senado e ao exterior negativo - Edilson Rodrigues/Agência Senad
Pelo segundo dia seguido, o presidente da casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP) não seguiu o cronograma de apreciação da matéria. Agora, a votação foi remarcada para a próxima terça (1º). 
O atraso da principal pauta econômica do mercado financeiro fez o dólar, que operava em queda, disparar por volta das 10h20. O pico entre as 10h38 e 10h40, com o dólar cotado a R$ 4,182.
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A valorização do dólar veio antes do discurso de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) na Organização das Nações Unidas (ONU) que, de acordo com analistas, não teve impacto no mercado doméstico. 
“Foi mais o adiamento da reforma da Previdência que pesou no mercado hoje. O mercado estava confortável com o andamento do projeto e este atraso nos deixou desconfortáveis”, afirma Thomaz Fortes, gestor de fundos da Warren
A fala do presidente na ONU teve início às 10h40 da manhã e durou 32 minutos. Neste meio tempo, a moeda americana foi para R$ 4,175 às 11h12. 
“O discurso não foi o ideal. Esperávamos ouvir mais sobre Amazônia e tratados comerciais e ele [Bolsonaro] ficou muito em uma agenda própria, que já estamos acostumados a ouvir aqui no Brasil, mas pode pegar mal com estrangeiros”, diz Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
“Esse discurso foi pouco relevante para o mercado e não teve impacto. Bolsonaro não falou nada que ele não tenha dito antes”, afirma George Wachsmann, economista da Vitreo.  
Wachsmann lembra que a cotação do dólar já vinha pressionada há semanas, com uma valorização internacional da moeda americana e aversão a risco com guerra comercial entre China e Estados Unidos e desaceleração da economia global. 
Tais fatores voltaram ao foco dos investidores com o discurso do presidente americano Donald Trump na ONU, logo em seguida de Bolsonaro. Com novas críticas à China e ao Irã, a fala de Trump derrubou mercados internacionais. 
Em Nova York, o índice S&P 500 fechou em queda de 0,9%. Dow Jones caiu 0,5% e Nasdaq, 1,46%. A aversão a risco levou a moeda americana a perder força contra seus principais pares.
No Brasil, depois de bater os R$ 4,18, o dólar terminou estável, a R$ 4,17. 
O presidente dos EUA também é alvo de uma pressão por impeachment, defendido por alguns democratas após a confirmação de que Trump acusou o democrata de Joe Biden de corrupção em durante uma ligação telefônica para o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski.
Outra notícia negativa foi a piora na confiança do consumidor americano em setembro. O índice foi para 125,1, menor nível em nove meses, bem abaixo das expectativas dos economistas de 133,5.
A piora do cenário externo levou o Ibovespa a cair 1%, em uma mínima durante o pregão desta terça de 103.503 pontos às 13h45.​ No fechamento, a queda amenizou e foi de 0,72%, a 103.875 pontos.
O giro financeiro foi de R$ 13,4 bilhões, abaixo da média diária para o ano.

Júlia Moura, Folha de São Paulo