“Somos estórias em movimento. Parábolas vivas. E quem conta estórias vive várias vidas numa só” (Affonso Romano Sant’Anna)
Se arrependimento favorecesse uma viagem no tempo ou fosse a teimosia futurista de Einstein teorizando que “A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente”, eu voltaria à meninice para estudar com método, coisa que não fiz e só agora vejo a importância disto.
Um dos temas para os quais eu me voltaria está nos evangelhos, todos eles, os canônicos e os apócrifos, e não somente os que foram selecionados no Sínodo de Hipona Regia, realizado em 393, pela Igreja Católica já ocupando o poder político romano desde 312, com a conversão de Constantino.
Também aprofundaria meu conhecimento nas lições da fulgurante trinca de filósofos gregos, Sócrates, Platão e Aristóteles e enveredaria na originalidade da rica literatura árabe.
Esses estudos atenderiam a minha paixão pelas parábolas literárias, (porque existem também as matemáticas…). “Parábola” que gramaticalmente é um substantivo feminino, originário do grego “parabolé.és”, comparação, aproximação. Define-se como uma narrativa curta e alegórica que geralmente transmite um preceito moral.
O genial – e muito nosso – Machado de Assis, escreveu muitas delas e uma em particular mereceu a intervenção de Rui Barbosa:
“No princípio era o Jardineiro. E o Jardineiro criou as Rosas. E tendo criado as Rosas, criou a chácara e o jardim com todas as coisas que neles vivem para a glória e a contemplação das Rosas. Criou a palmeira, a grama. Criou as folhas, os galhos, os troncos e botões. Criou a terra e o estrume. Criou as árvores grandes para que amparassem o toldo azul que cobre o jardim e a chácara, e ele não caísse e esmagasse as Rosas. Criou as borboletas e os vermes. Criou o sol, as brisas, o orvalho e as chuvas. Grande é o Jardineiro! ”. … E Rui completou: – “Para as rosas o Jardineiro é eterno”.
Está sendo escrito entre nós um capítulo da História do Brasil que infelizmente os nossos filósofos em vez de observar e analisar, são tristes protagonistas do cenário político; igualando-se aos parlamentares que põem os seus interesses pessoais acima dos interesses da nacionalidade.
A Câmara Federal está praticamente controlada pelos oportunistas do chamado “centrão”, que se convencionou chamar de picaretas. Termo que dicionarizado diz tudo, significando “pessoa que usa qualquer expediente para alcançar vantagens”.
Eles vendem discursos e louvaminhas, valorizados pela autopromoção, como fossem os inventores da Coca-Cola ou tivessem cavado os canais de irrigação na transposição do Rio São Francisco; são na verdade medíocres achacadores do governo. Nada fazem além disto que valha a pena serem citados no futuro. Mas, infelizmente, são eleitos e reeleitos pela massa ignorante, interesseira e inerte diante da vida nacional.
Vivêssemos numa sociedade evoluída culturalmente ou como gente de coração entregue ao bem e à razão, voltados para o próximo, não assistiríamos o drama exibido no palco da política nacional, com os escribas e fariseus hipócritas atuando para tirar a aposentadoria dos idosos e a pensão das viúvas.
Revive-se uma comoção semelhante à que ocorreu dois mil anos atrás, quando Jesus Cristo mostrou sua aversão pelas rapinas e imundícies dos vendedores do Templo. Por enfrenta-los, a História gravou o seu suplício e a morte entre dois ladrões.
Os evangelistas não dizem, e ao contrário do que relatam, tenho a convicção de que o Cristo se arrependeu de não ter liderado a rebelião, colaborando com os inimigos do seu povo. Acredito nisto porque Ele ao ressuscitar, mandou seus apóstolos se espalharem pelo mundo pregando em Seu nome a revolução monoteísta.