Depois das reações pontuais, pela manhã, aos dados do mercado de trabalho norte-americano, os ativos brasileiros foram, aos poucos, se acomodando ao redor da estabilidade no período vespertino, com os agentes monitorando o quadro externo e, sobretudo, a eleição dos comandos de Câmara e Senado.
Nesse ambiente, o dólar terminou o dia com leve baixa de 0,03%, a R$ 3,6580. Na semana, contudo, a moeda acumulou desvalorização de 2,78% ante o real. O Ibovespa, por sua vez, ganhou algum fôlego nos minutos finais e encerrou a sexta-feira com avanço de 0,48%, aos 97.861,27 pontos - novo recorde histórico -, mas com volume abaixo da média. Na semana, o índice acumulou alta de 0,19%. Nesse caso específico, o desempenho foi bastante limitado pelas ações da Vale, que acumularam perda de 17,63% de segunda-feira até hoje, após o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), há uma semana.
As ações da Petrobrás também avançaram e ajudaram a amenizar perdas. Influenciados pela alta dos preços do petróleo no mercado internacional, os papéis da petroleira subiram 1,59% (ON) e 0,86% (PN). Entre os bancos, apenas os do Bradesco terminaram o dia em baixa, atribuída à movimentos de realização de lucros após os ganhos de ontem com a divulgação do balanço do quarto trimestre.
Na ausência de novidades relevantes que pudessem sugerir uma mudança na dinâmica recente, de certo otimismo com o andamento da reforma da Previdência, ainda mais diante das chances efetivas de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ser reconduzido à presidência da Câmara, os agentes preferiram a cautela antes do fim de semana.
Uma visão mais positiva sobre a mudança nas aposentadorias ganhou mais força apenas recentemente, dada a aparente ação mais coordenada do governo no sentido de angariar apoio para o texto, sinalizando, inclusive, com a presença dos militares na reforma.
Informações do exterior evidenciam uma desaceleração da economia global e o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), com base nisso, mudou seu discurso para um tom muito mais suave nessa semana, por mais que os números do payroll conhecidos hoje tenham trazido surpresas positivas. Com isso, os índices de Nova York caminham para um fechamento lateral.
Altamiro Silva Junior e Paula Dias, O Estado de S.Paulo