O candidato do PSL à Presidência nas eleições 2018, Jair Bolsonaro, é o destaque da capa da edição desta semana da revista britânica The Economist. No seu artigo principal, a publicação destaca o deputado como "a mais recente ameaça da América Latina" e considera que um eventual governo Bolsonaro seria "desastroso" para o País e a região.
O texto compara o avanço de Bolsonaro e de suas propostas ao avanço do populismo nos Estados Unidos, com Donald Trump; na Itália, com Matteo Salvini; e nas Filipinas de Rodrigo Duterte. Para a Economist, Bolsonaro soube explorar a combinação de recessão econômica, descrédito com a classe política e aumento da violência urbana com a apresentação de visões conservadoras e uma proposta de economia pró-mercado.
"Os brasileiros não devem se enganar. Bolsonaro tem uma admiração preocupante por ditaduras", diz o texto, que o compara ao ditador chileno Augusto Pinochet.
A revista lembra também que o principal assessor econômico de Bolsonaro é Paulo Guedes, que, assim como a equipe do ditador chileno, foi educado na Universidade de Chicago, um bastião da ideologia do livre mercado. "Guedes é a favor da privatização de todas as estatais e uma simplificação brutal dos impostos", lembra a revista.
"A América Latina conheceu homens fortes de todo tipo e a maioria dessas experiências foi horrorosa. Provas recentes disso são a Venezuela e a Nicarágua."
A revista lembra também que o próximo governo precisará do apoio do Congresso e dificilmente Bolsonaro terá maioria parlamentar. "Para governar, Bolsonaro poderia degradar o processo político ainda mais, potencialmente abrindo caminho para algo ainda pior", diz o texto.
A Economist ainda diz que a chegada do petista Fernando Haddad ao segundo turno pode jogar muitos eleitores da elite e da classe média que culpam o ex-presidente Lula e o PT pelos problemas do País no colo de Bolsonaro.
"Em vez de acreditar nas promessas vãs de um político perigoso na esperança de que ele resolva todos os problemas, os brasileiros precisam perceber que a tarefa de consertar sua democracia e reformar sua economia não será rápida nem fácil."
O Estado de S.Paulo