O voto quadrático (quadratic vote) procura dar ao eleitor a condição de exprimir a intensidade da sua preferência, que o levou a votar neste e não naquele candidato ou proposta.
Baseado em princípios do mercado, cada eleitor recebe um determinado número de “créditos” que deve utilizar para influenciar a aprovação ou desaprovação de determinada decisão. Se quiser aumentar seu poder de influência, o eleitor pode “comprar” votos adicionais.
O “preço” de cada voto adicional será determinado por regras definidas pela autoridade eleitoral, e aumenta à medida que o eleitor “compre” mais votos. O eleitor pode carregar todo o seu crédito em um candidato ou assunto, mas terá reduzida sua influência por critérios matemáticos que utilizam a raiz quadrada, daí o nome de “voto quadrático”. A ideia é reduzir a possibilidade de que uma minoria se imponha artificialmente.
Um eleitor que seja militante a favor do casamento gay, por exemplo, poderia gastar todo seu estoque de votos a favor, e até mesmo “comprar” mais votos de eleitores que não se importem muito com a questão. O mesmo podendo fazer os que são militantemente contra. Mas cada voto a mais “custa” mais caro
Com esse sistema, os autores de um livro da Princeton University Press denominado “Mercados radicais: desenraizando o capitalismo e a democracia para uma sociedade justa”, o economista da Microsoft e da Universidade de Yale Glen Weyl e o jurista da Universidade de Chicago Eric Posner pretendem usar o voto para exprimir o real desejo do eleitor. Vão ter que mudar o nome e simplificar o sistema.
Outro tipo de voto que está sendo testado em diversas regiões dos Estados Unidos é o voto ranqueado, (ranked choice voting), quando os eleitores escolhem quantos candidatos quiserem, dando-lhes uma ordem de preferência.
Candidatos que conseguem ter uma maior pontuação de primeiras escolhas, mas também aparecem como a segunda escolha dos eleitores, ou terceira, têm melhor atuação, maior chance de se eleger. Se um candidato receber a maioria de votos de primeira escolha, está eleito.
Caso contrário, o candidato com o menor número de primeiras escolhas é descartado, e seus votos redistribuídos. Esse processo continua até que algum candidato tenha a maioria. Em alguns casos o resultado final só sai dias depois da eleição, como aconteceu em São Francisco na escolha do prefeito.
O voto ranqueado pode ser usado tanto para escolher um politico para um cargo majoritário, funcionando como uma seleção da maioria, ou para a escolha de deputados ou vereadores, quando refletirá com mais precisão a representatividade dos escolhidos.
No Maine, depois de uma luta dos eleitores com políticos, o voto ranqueado foi aprovado recentemente. Um referendo em 2016 aprovara esse sistema de votação, mas uma minoria de Republicanos conseguiu barrar a implementação. Os cidadãos recolheram então assinaturas suficientes para aprovar um “veto popular”, que manteve o ranqueamento na eleição deste ano e colocou em plebiscito a continuação do sistema, que foi aprovado novamente.
O Globo